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Gráfico mostra a subida da curva dos casos positivos em Presidente Prudente — Foto: Reprodução
Gráfico mostra a subida da curva dos casos positivos em Presidente Prudente — Foto: Reprodução
Os casos positivos de Covid-19 deram um salto nas últimas semanas em Presidente Prudente (SP). O G1 fez um comparativo entre os dias dessa evolução progressiva e o aumento expressivo agora em junho. Enquanto foram 45 dias para atingir as 100 primeiras confirmações, dos 300 para os 400 casos foram apenas cinco dias.
De 100 a 400
O primeiro caso positivo em Presidente Prudente foi registrado no dia 4 de abril. O município chegou as 101 confirmações no dia 20 de maio. Ou seja, depois de 45 dias.
A marca dos 200 moradores com a doença veio no dia 10 de junho, quando o boletim oficial trouxe 205 casos positivos. E foram apenas mais oito dias para ultrapassar as 300 confirmações.
No dia 18 de junho, a Prefeitura divulgou 306 casos positivos.
Nesta terça-feira (23), além de bater o novo recorde de casos diários, com mais 32 confirmações, o município chegou a 419 positivados.

Boletim de casos de coronavírus em Presidente Prudente, em 23 de junho — Foto: Reprodução
Boletim de casos de coronavírus em Presidente Prudente, em 23 de junho — Foto: Reprodução
Mês a mês
A pandemia do novo coronavírus foi decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março. Porém, não houve registros no município. Em abril, foram 28 confirmações. Já em maio foram somados mais 119 casos positivos, passando para 147 moradores infectados. Até o dia 23 de junho, houve mais um acréscimo de 272 confirmações e um total de 419 casos da doença.
O mês de junho começou com 149 casos positivos. No dia 7, o total passou para 178, aumento de 19%. Uma semana depois, no dia 14, as confirmações evoluíram ainda mais e chegaram a 243, elevação de 36%. Com mais sete dias, o salto foi de 51% e mais 105 moradores com a Covid-19 e 368 confirmados. De segunda (22) para esta terça-feira (23), houve um acréscimo de 51 casos.
Desde a última semana, foram quatro recordes diários nos dias 15, 19, 20 e 23 com 20, 27, 30 e 32 casos confirmados nos boletins oficiais da Prefeitura de Presidente Prudente.
Mortes por Covid-19
As duas primeiras mortes por Covid-19 em Presidente Prudente foram divulgadas no dia 8 de abril. Atualmente, o município já contabilizou 16 óbitos pela doença, sendo que o último foi oficialmente informado nesta segunda-feira (22).
Adesão ao isolamento social
Diferentemente dos casos positivos que subiram, a adesão ao isolamento social em Presidente Prudente caiu desde o início da quarentena no Estado de São Paulo, em 24 de março.
No mês de março, a média dos oito dias foi de 47,5%. Em abril, a média caiu para 44,9%. Já em maio, o percentual foi ainda mais baixo: 41,9%. A média desses 69 dias foi de 43,8%. O município ficou 67 vezes entre os dez piores resultados entre as 104 cidades com mais de 70 mil habitantes monitoradas. Com o menor percentual, foram 12 vezes. Os resultados variaram entre 37% e 54%.
Na quarentena flexibilizada, de 1º a 15 de junho, houve uma diminuição ainda maior e a taxa de adesão ao isolamento social foi de apenas 40%. Presidente Prudente ficou em último lugar no ranking nove vezes. Os percentuais ficaram entre 37% e 47%.

Índice de adesão de Presidente Prudente ao isolamento social no Estado, em 15 de junho — Foto: Reprodução
Índice de adesão de Presidente Prudente ao isolamento social no Estado, em 15 de junho — Foto: Reprodução
Curva ascendente
O médico infectologista André Pirajá afirmou ao G1 que esse salto pode estar relacionado à flexibilização da quarentena. Foram 15 dias com a retomada das atividades econômicas no município, com a abertura do comércio com restrições.
“Nós ainda estávamos numa curva ascendente, ela estava ascendendo em uma velocidade menor, porém, ainda em ascensão. Quando você flexibiliza a saída das pessoas à rua, consequentemente, o vírus fica circulando porque se tem um contato de pessoas que estão assintomáticas ou sintomáticas com pessoas que não têm a doença. Consequentemente, aumenta o número de casos. De fato, algo esperado e pode estar relacionado com a flexibilização da quarentena”, relatou.
O infectologista salientou que é provável que essa elevação continue nos próximos dias. “É provável que a taxa de subida continue. Estamos percebendo um movimento de interiorização da doença. Ou seja, está aumentando o número de casos no interior mais do que na capital. Era algo já previsível. Caso permaneça a flexibilização ou flexibilização não consciente por parte da população, é possível que a tendência seja o aumento da curva”, salientou ao G1.
Pirajá classificou o atual cenário como preocupante. “Acredito que isso venha a ser preocupante porque isso indica que existe uma falha do controle da pandemia. Dessa forma, pode se tornar algo catastrófico”, afirmou. Para ele, um das consequências de aumento de confirmados é a “falência” do sistema de saúde.
“Claro que as consequências desses novos casos surgindo é a falência do sistema público e privado. Seja por número de pessoas ou pela fadiga dos profissionais de saúde. Precisamos entender que não se vence uma guerra com tiros, canhões, mas com estratégia. Não é abrindo somente novos leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e respiradores que vai se vencer a guerra. Se isso está sendo feito, significa que nós fomos incompetentes em controlar a epidemia”, frisou o médico.
Ele ainda salientou que é preciso ter medidas preventivas como a testagem em massa da população para separar os casos positivos de quem ainda não tem a doença; medidas de higiene e proteção, como a lavagem das mãos e o uso das máscaras; e o isolamento social, para que circule menos o vírus. Ele disse ao G1 que, entre os novos casos, além dos grupos de risco, há jovens entre 25 e 35 anos, a chamada “população economicamente ativa”.
“Percebemos que isso é reflexo da população tentando trabalhar, o que é justo. Na última semana, de quarta-feira [17] para cá, houve incremento bem acentuado no número de casos. Pessoas jovens, em geral, e na primeira semana da doença. O que nos preocupa, porque sabemos que, do sétimo ao 12º dia de sintomas, é quando ocorrem os casos mais graves, e ocorre a indicação de terapia intensiva. Então, um quarto desses pacientes vai para a terapia intensiva e isso nos mostra uma possível sobrecarga do sistema”, frisou Pirajá.
Ele explicou que é preciso que as pessoas se conscientizem e cumpram o isolamento social.
“Convenhamos que a sociedade não fez o isolamento social de forma adequada, mesmo quando foi imposto. Fizemos o isolamento nos primeiros 15 dias da quarentena. Depois vimos pessoas andando pelo Parque do Povo ou até mesmo nos polos comerciais. No primeiro dia da flexibilização da quarentena, as pessoas abusaram. Então, falta conscientização da população. É necessário movimentar a economia, mas é preciso fazer de forma inteligente, de forma cautelosa, que possa ter um atendimento prioritário, específico para as pessoas de risco, com horário programado, e usar máscara. Se for praticar uma atividade física, que seja longe de aglomerações e fora dos horários de pico. Vemos tantas pessoas preocupadas em não ir aos hospitais, para não se infectar. Mas, paralelamente, estão todos na rua. Precisamos ter consciência e educação sobre esse novo normal”, finalizou Pirajá ao G1.

Médico infectologista André Pirajá — Foto: Acervo pessoal
Médico infectologista André Pirajá — Foto: Acervo pessoal
O município
Sobre o salto nas confirmações e possíveis medidas para conter o avanço da doença, o G1 solicitou à Prefeitura de Presidente Prudente um posicionamento oficial. A resposta enviada foi a seguinte:
“O Governo de Presidente Prudente informa que monitora diariamente a evolução dos casos relacionados à Covid-19 por meio da Vigilância Epidemiológica Municipal. O aumento de infecções pela doença no município acompanha o cenário de interiorização do vírus que vem sendo observado há algumas semanas no Estado de São Paulo, o que já era previsto pelas autoridades de saúde, sendo necessário que todos os munícipes redobrem a atenção quanto às medidas de prevenção, como uso de máscaras, higienização das mãos com álcool em gel e manter o distanciamento social”.