No mês de julho foram registradas 431 queixas. O número é maior do que as reclamações sobre árvores, buraco e pavimentação, veículos abandonados e a pandemia de um modo geral. Alimentação escolar lidera reclamações na Ouvidoria da Prefeitura de São Paulo
A alimentação escolar ficou no topo da lista de reclamações na Ouvidoria da Prefeitura de São Paulo no mês de julho. Isso aconteceu por causa do cartão que está substituindo a merenda no período em que as escolas municipais estão fechadas por causa da pandemia de Covid-19.
No mês de julho foram 431 reclamações sobre a alimentação escolar. O número é maior que a queixa sobre árvores, buraco e pavimentação, veículos abandonados, e a pandemia de um modo geral.
Em alguns casos não basta reclamar, tem mãe que procurou a polícia para garantir o dinheiro que ajuda a complementar a alimentação não só do aluno, mas da família toda.
Há casos em que o cartão alimentação só chegou às famílias no quinto mês de pandemia. O filho de Tatiane, de 11 anos, estuda em uma escola na Freguesia do Ó, que está fechada desde março. Ele está sem merenda e o auxílio de R$ 55 por mês ajudaria a família.
“Meu filho tem 11 anos, tem triglicérides, hipotiroidismo, ele tem colesterol alto, eu sou manicure, devido a pandemia nós pagamos aluguel, fora as despesas, gastos com água, luz, então fez bastante falta”, disse a mãe.
O cartão original estava liberado desde maio, mas Tatiane não recebeu, pois foi entregue por engano a outra pessoa no Bairro do Butantã, a 18 quilômetros de distância. Quem pegou o cartão foi às compras sem ter direito ao benefício. No mês passado, o cartão foi usado quatro vezes.
Tatiane fez um Boletim de Ocorrência e só assim conseguiu impedir que outra pessoa usasse a parcela deste mês.”Falta de compaixão com o próximo porque não sabe das necessidades do próximo.”
Os novos cartões chegaram a algumas escolas nesta sexta-feira (28). Até a próxima semana há a previsão de entrega de cartões em 4 mil estabelecimentos de ensino de São Paulo e as famílias serão avisada sobre a disponibilidade do cartão.
Segundo a Secretaria Municipal da Educação, 97 mil alunos foram incluídos nessa etapa e agora somam 697 mil estudantes atendidos pelo programa.
Para os alunos do ensino fundamental o valor médio é de R$ 55 por mês. Os da educação infantil são R$ 63 e os da creche recebem R$ 101.
A partir de segunda-feira a Prefeitura de São Paulo abre um novo cadastro para quem ainda não se inscreveu no programa. Serão dez dias de inscrições.
“Muitas crianças podem ter essa necessidade e as famílias podem ter empobrecido nesse período. Não precisava antes e agora precisa, então pensando nisso a prefeitura vai reabrir a partir da próxima segunda-feira o site para que as famílias que não pediram ainda possam pedir”, disse Bruno Caetano, secretário Municipal de Educação.
Mais prazo
A prefeitura de São Paulo anunciou que a partir de segunda-feira (31) vai abrir mais 10 dias de prazo para que as famílias de alunos das escolas municipais peçam o cartão alimentação.
As inscrições tinham sido encerradas em 9 de agosto. A prorrogação veio depois que a secretaria da educação analisou os cadastros e concluiu que muita gente que não tinha direito pediu e que 30% dos alunos da própria rede municipal ficaram de fora.
Prefeitura de SP dá mais prazo para cartão-alimentação de alunos das escolas municipais
Dos 500 mil cadastros feitos no último chamado da gestão Bruno Covas (PSDB), só 97 mil estavam aptos a receber o benefício. 403 mil inscrições foram barradas porque a mesma criança foi inscrita várias vezes por parentes diferentes, ou porque eram alunos de outras cidades, de outros estados, ou ainda de escolas particulares.
“A gente sabe que nesse período a família pode ter empobrecido. Que ela não era vulnerável lá em março, abril, maio, mas agora os pais podem, eventualmente, ter perdido o emprego nesse período”, disse Bruno Caetano, secretário municipal da Educação. “Mas a gente pede consciência para as pessoas que vão solicitar. Que realmente só peçam esse cartão se realmente isso fizer diferença, se for muito importante para garantir a alimentação do seu filho e da sua filha”, continuou.
A solicitação deverá ser feita por meio do site da secretaria municipal de Educação.
Além do anúncio, nesta sexta-feira a prefeitura começa a entregar uma nova leva de cartões. Das 960 mil crianças matriculadas na rede, ao menos 600 mil já receberam o cartão alimentação e, com a nova remessa, o número deve chegar a quase 700 mil família atendidas.
A expectativa da prefeitura é de que até a próxima sexta-feira (4) esses novos cartões estejam nas 4 mil escolas para serem entregues aos pais, mediante agendamento.
“A gente resolveu pedir porque já são 5 meses, né, que está nessa pandemia. A gente conseguiu segurar por alguns meses, mas, agora, já não dá mais. Faz diferença para comprar um arroz, um feijão, né, um biscoito”, disse Sandra, mãe da Júlia, do nono ano.
Benefício para toda a rede
Em 30 de julho, a prefeitura de São Paulo anunciou que ampliaria a distribuição do vale-alimentação para todos os alunos da rede pública municipal de ensino.
O projeto inicial era atender apenas os alunos cadastrados no Bolsa Família. A restrição também chegou a ser questionada por diretorias de ensino e pela Justiça, e, em junho, gestão municipal havia divulgado a ampliação para mais 250 mil alunos, antes de decidir pela universalização do benefício.
Os alunos dos ensinos fundamental e médio têm direito a R$ 55 reais. Na educação infantil, o valor sobe para R$ 63, e, nas creches, para R$ 101 por criança. Os pais que têm mais de um filho recebem um cartão só com os créditos somados.
O cartão-alimentação é recarregado sempre no dia 4 de cada mês e pode ser usado em 40 mil supermercados até quando durar a pandemia. Assim que as aulas presenciais voltarem – o que ainda não tem data definida aqui na capital – os créditos serão suspensos porque os alunos vão voltar a ter merenda.
Mesmo assim, a prefeitura pede que as famílias guardem o cartão porque ele poderá ser usado de novo, caso haja uma nova necessidade.
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