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Antigamente, demonstrações ao público eram a maior demanda do Canil no Oeste Paulista — Foto: Acervo/Canil PM
Antigamente, demonstrações ao público eram a maior demanda do Canil no Oeste Paulista — Foto: Acervo/Canil PM
É a partir do primeiro passo que se começa a fazer história. E também foi assim com o Canil da Polícia Militar no Oeste Paulista. Quando instalado na região, em 1984, o plantel atuava de forma bem distinta da vista atualmente. Além do policiamento em pontos das cidades, o foco das equipes – que hoje é apoiar no combate ao crime organizado e o tráfico de drogas – era voltado ao entretenimento em eventos e apresentações à sociedade.
São 36 anos de histórias compostas de mudanças, dificuldades, conquistas, parcerias, que o G1 foi conhecer e apresenta em três reportagens. Passado, presente e futuro que se conectaram para o trabalho na segurança pública paulista.

Pista com obstáculos era utilizada nas demonstrações antigas
O início…
No livro histórico do Oitavo Comando de Policiamento do Interior (CPI-8) um breve relato destaca a inauguração do plantel, atualmente instalado no 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), em 13 de setembro de 1984.
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Canil da PM foi instalado no Oeste Paulista em 1984 — Foto: Reprodição/Acervo/CPI-8
Canil da PM foi instalado no Oeste Paulista em 1984 — Foto: Reprodição/Acervo/CPI-8
O então 1º tenente Elio Aparecido Costa ficou à frente do comando do Canil, em Presidente Prudente, que tinha no efetivo de adestradores o cabo André Alves dos Santos e os soldados Luiz Carlos dos Santos, Claudionor Lemos de Oliveira, José Gonçales Sobrinho e Josué Oliveira Barros, além do soldado Waldemar Garzo, o cozinheiro.
O G1 conversou com dois policiais, já aposentados, que integraram esta primeira equipe do Canil: os agora sargentos Claudionor Lemos de Oliveira e Josué Oliveira Barros.
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Antigamente, demonstrações ornamentais eram a maior demanda do Canil da PM no Oeste Paulista — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Antigamente, demonstrações ornamentais eram a maior demanda do Canil da PM no Oeste Paulista — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Lemos, como é conhecido, entrou na polícia em 1975, ano em que foi para o Canil de São Paulo. Anos mais tarde, em 1983, quando iniciou a construção do Canil de Presidente Prudente, o policial veio para o plantel da região, onde permaneceu por 30 anos.
O sargento aposentado contou ao G1 que uma das principais diferenças do Canil atual e o de antigamente é a forma de aquisição do cão.
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Claudionor Lemos de Oliveira integrou a primeira equipe do Canil, em Presidente Prudente — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Claudionor Lemos de Oliveira integrou a primeira equipe do Canil, em Presidente Prudente — Foto: Stephanie Fonseca/G1
“Hoje a aquisição de cão você escolhe, compra o cão e trabalha desde filhote. No passado, quando iniciou, eram cães doados, cachorros que tinham problemas em casa, se esse cachorro tivesse as características daquilo que a gente precisava, a gente recebia esse cão e transformava ele num cão de polícia”, relatou.
Conforme Lemos, é mais fácil começar a trabalhar com o cão ainda filhote em vez de um adulto com “problemas”. “A gente remodelava. Era como se a gente pegasse um móvel velho e transformasse ele num móvel novo”, comentou.
Outra diferença estava na alimentação. Em vez da comum ração, havia uma alimentação cozida, preparada por um soldado que atuava como cozinheiro.
O “banquete” era comporto basicamente de ingredientes como arroz, carne moída, alho, abobrinha, chuchu, beterraba. A alimentação seguia uma base nutricional fornecida por um médico veterinário, segundo contou Lemos ao G1.
Hoje é “mais prático”, pois tem a ração que já vem com todo teor de proteína e sais minerais dos quais o cão tem necessidade. “Não precisa ter mais uma pessoa só para cozinhar; então hoje a pessoa que seria pra cozinhar naquela época, hoje está pra trabalhar pro povo”, declarou.
A forma de adestramento e as finalidades, cujo foco atualmente é o apoio no combate ao tráfico de drogas, também eram distintas. “Na minha época a gente tinha uma finalidade mais demonstrativa, e ao mesmo tempo ostensiva e preventiva, e nas demonstrações mostrando pro povo a capacidade que o cão tinha, tanto de ser um animal dócil, ser um animal carinhoso, onde existia as demonstrações nos colégios e cidades vizinhas”, lembrou ao G1.
Toda época tem a sua dificuldade, conforme frisou o policial, contudo, ele ainda colocou que quando se trata de faro, hoje o tráfico “está bem avançado”, então é preciso também ter tirocínio. “Em alguns momentos você tem que auxiliar o seu animal, porque ele é um animal, ele vai fazer as coisas de acordo com o que você está instruindo a fazer”, disse.
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Claudionor Lemos de Oliveira durante uma das atividades com o Canil — Foto: Acervo/Canil PM
Claudionor Lemos de Oliveira durante uma das atividades com o Canil — Foto: Acervo/Canil PM
Demonstração
Conforme adiantou Lemos, no início do Canil o foco eram as demonstrações que aproximavam sociedade e Polícia Militar.
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Josué Oliveira Barros integrou a primeira equipe do Canil da PM, em Presidente Prudente — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Josué Oliveira Barros integrou a primeira equipe do Canil da PM, em Presidente Prudente — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Também sargento aposentado, Josué Oliveira Barros contou ao G1 um pouco de como eram essas programações. “O povo gostava muito. Era novidade”, afirmou.
Integrante da primeira equipe do Canil, onde ficou por 20 anos, até aposentar, Barros contou ao G1 que havia uma pista de adestramento e junto a elas várias atividades para os cães, como ultrapassar escadas e pular num paraquedas – neste, quatro soldados seguram o cão (Veja na foto abaixo).
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Paraquedas era uma das apresentações antigas do Canil — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Paraquedas era uma das apresentações antigas do Canil — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Outros desafios também eram cumpridos: obstáculos em zigue-zague, pneus e aro de fogo. “Tinha um envolto de pano em volta do aro, colocava fogo e os cães ultrapassavam por dentro”, lembrou Barros ao G1. Quem acendia o arco era primeiro cão que pulava. Ele levava uma tocha acesa.
“Era divertido, a molecada gostava muito, porque nós eramos chamados para fazer demonstração nas escolas, então a criançada fazia a festa”, contou.
Barros ainda recordou que as demonstrações eram rotineiras. “Todo fim de semana tinha aniversário de cidade, essas cidades circunvizinhas. Todos os domingos. Dificilmente a gente folgava, porque tinha demonstração direto”, falou.
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Josué Oliveira Barros integrou a primeira equipe do Canil em Presidente Prudente — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Josué Oliveira Barros integrou a primeira equipe do Canil em Presidente Prudente — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Mas a equipe K9 não era só atração em “festas”. O Canil também trabalhava na modalidade de policiamento, com patrulhamentos em vilas, no Calçadão, em campos de futebol e rebeliões em presídios, além de ações de reintegrações de posse que aconteciam na região do Pontal do Paranapanema.
“Naquela época não tinha paradeira, não. De madrugada você estava dormindo e daqui a pouco tinha que levantar porque tinha rebelião nos presídios; a gente era o primeiro a chegar. O Canil era a linha de frente. Tudo o que acontecia o Canil tinha que sair na frente”, revelou ao G1.
De acordo com Barros, uma das cidades onde mais havia apoio em presídio era Presidente Venceslau. “O Canil era o primeiro que chegava. Os cães, todo mundo respeitava; [a gente] chegava o povo já saía do meio. Quem ia querer ser o primeiro a ser mordido?”, disse.
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Canil da PM, em Presidente Prudente, foi inaugurado em 1984 — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Canil da PM, em Presidente Prudente, foi inaugurado em 1984 — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Alguns anos depois da inauguração houve tentativas de fazer um cão de faro. A equipe tentou treinar um pastor alemão, mas sem êxito. Foi então que veio o Billy, da raça labrador, iniciado por Barros. Ele chegou à corporação ainda filhote e foi iniciado o treinamento para cão de farejador.
“Naquela época a gente não tinha muito conhecimento, começamos do jeito da gente, mas deu êxito. Foi aí que nós conseguimos numa ocorrência localizar aqueles 103 papelotes de crack aqui em Presidente Prudente. E daí pra frente em vários serviços a gente ia”, lembrou ao G1.
A apreensão citada por Barros foi a primeira do plantel, segundo afirmou ao G1. Em novembro de 2000, o Canil foi fazer um apoio à Força Tática em uma ocorrência na Vila Brasil, ocasião em que o cão Billy auxiliou na localização dos 103 papelotes de crack que estavam atrás de uma caixa de registro de água. Um homem foi preso. “Foi muito gratificante isso aí”, declarou.
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Ocorrência de Billy com o condutor PM Barros rendeu um diploma de reconhecimento — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Ocorrência de Billy com o condutor PM Barros rendeu um diploma de reconhecimento — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Gosto pelo trabalho
Ambos os integrantes da equipe pioneira do Canil destacaram a gratidão em trabalhar no setor e ter cada companheiro com um membro da família. E a admiração continua, mas agora “de fora”, além da satisfação de ver o plantel evoluindo.
Lemos salientou que o Canil foi algo “inovador” dentro da Polícia Militar, que chamava – e ainda chama – a atenção.
“Os momentos são muitos. Como a gente fazia demonstração em várias cidades, a cada lugar que a gente ia, a gente ouvia relatos de pessoas e via o amor que as pessoas tinham por aquilo que a gente estava fazendo”, relembrou Lemos ao G1.
O tempo passou e a aposentadoria chegou, mas Lemos se diz feliz ao ver a continuidade do trabalho em Presidente Prudente.
“A gente fica feliz que o Canil tenha evoluído, porque as pessoas que deram continuidade ao que nós começamos lá atrás, estão dando continuidade com a alma, com o coração, com a vontade, com gosto; isso daí nos engrandece muito”, destacou.
Barros também contou ao G1 que a disposição estava sempre presente em todos os serviços, fossem eles de madrugada ou pela manhã, por exemplo. “A gente gostava de trabalhar, estava acostumado e, quando chamava, estava sempre disposto”, disse.
Já aposentado, Barros também continua acompanhando de longe os trabalhos e destacou estar “satisfeito” com a continuidade e evolução do plantel na região. “A tendência é melhorar mais. Quando a pessoa tem apoio e tem material, é diferente. E hoje nós vemos aí viaturas novas, naquela época era sofrido”, comentou.
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Lemos e Barros junto ao atual comandante do Canil em Presidente Prudente, o sargento Joel de Godoi Bueno Júnior — Foto: Stephanie Fonseca/G1
Lemos e Barros junto ao atual comandante do Canil em Presidente Prudente, o sargento Joel de Godoi Bueno Júnior — Foto: Stephanie Fonseca/G1
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Canil foi oficialmente inaugurado em Presidente Prudente no ano de 1984 — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Canil foi oficialmente inaugurado em Presidente Prudente no ano de 1984 — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
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Canil da PM em Presidente Prudente foi oficialmente inaugurado em 1984 — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
Canil da PM em Presidente Prudente foi oficialmente inaugurado em 1984 — Foto: Arquivo pessoal/Josué Oliveira Barros
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Obras do Canil em Presidente Prudente começaram em 1983 — Foto: Acervo/ Canil PM
Obras do Canil em Presidente Prudente começaram em 1983 — Foto: Acervo/ Canil PM
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Obras do Canil em Presidente Prudente foram realizadas em 1983 — Foto: Acervo/Canil PM
Obras do Canil em Presidente Prudente foram realizadas em 1983 — Foto: Acervo/Canil PM