Conheça a quina: planta medicinal que inspirou a hidroxicloroquina


Eficaz no combate à malária, árvore possui “parentes” ainda pouco estudadas. A árvore quina pode alcançar até 15 metros de altura e foi após a Segunda Guerra Mundial que seu uso começou a ser substituído pela síntese em laboratório
Pixabay
Uma planta nativa da Cordilheira dos Andes e da Bacia Amazônica está ligada à origem de alguns dos medicamentos mais comentados durante a pandemia brasileira: a cloroquina e a hidroxicloroquina. Embora os efeitos dos remédios produzidos com a quina (Cinchona officinalis, calisaya, succirubra, pubescens) não possuam capacidades medicinais comprovadas quanto à COVID-19 e tenham sido alvo de alertas por parte de especialistas, esse componente de flora é medicinal e inspirou a criação dos compostos sintéticos.
Utilizada por comunidades rurais e amazônicas como combatente à malária foi através dessa eficácia que, reza a lenda, deu-se a origem de seu nome. Uma história conta que em 1638 uma condessa espanhola em viagem ao Peru foi curada da doença a partir do uso da casca dessa árvore por indígenas locais e a chamou de “Cinchona”, um apelido em homenagem ao seu município de origem, Chinchón. Daí derivou-se o nome científico da planta.
Planta chamada de quina aparece em registros históricos e foi ilustrada com suas flores que variam do branco ao rosa
Biodiversity Heritage Library/Acervo
Fato é que, poucos anos depois, seu uso medicinal ela já era dominada pelos europeus que foram apresentados à quina pelas descobertas jesuíticas. Quase 200 anos desde a lenda, ela se tornou item indispensável nas farmácias inglesas e a fama da planta foi tão difundida que, até o século XIX, ela era o tratamento mais usado no mundo contra a malária e uma alternativa constantemente aplicada em casos de febre, indigestão e dores de garganta.
Desde o início, porém, os cientistas observaram sua capacidade de manipulação dos efeitos no coração e a quina começou a ser aplicada contra arritmia e outras terapias cardíacas
O conhecimento fez com que a árvore vistosa de copa pouco densa passasse a ser cultivada em diversos países, se desenvolvendo com eficiência em ambientes de altitude, com 1.500 a 3.000 metros. Entretanto, já se sabe que a árvore presente na Amazônia peruana não é a mesma encontrada no Brasil.
Diversos exemplares, também apelidados de quina, são vistos por aqui, mas não contêm na casca os princípios antimaláricos da substância chamada de Quinina. No lugar, possuem outros compostos químicos ainda não analisados e estudados. Sendo assim, embora esta “família” tenha sido capaz de curar outras doenças, nem todos os seus “membros” são portadores das mesmas propriedades medicinais. E assim como há remédios (tal qual a aspirina) que têm origem na natureza, o processo de criação de um medicamento é delicado e demanda cuidados com os efeitos provocados.
Tanto o chá feito com a casca da quina quanto a água tônica (refrigerante que possui sulfato de quinina em baixa concentração) já foram desmentidos como possíveis tratamentos para a COVID-19
É #FAKE que chá da casca de quina quina seja eficaz contra o coronavírus
Reprodução

By Ellena Gomes

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