Após 4 meses fechados, restaurantes veem na flexibilização chance de reequilibrar contas em Ribeirão Preto


Estabelecimentos podem funcionar das 11h às 17h com capacidade limitada a 40% dos clientes. Economista diz que, apesar das restrições, reabertura representa um alívio em meio à crise. Após 4 meses fechados, restaurantes reabrem as portas em Ribeirão Preto
Com o avanço de Ribeirão Preto (SP) à fase amarela do Plano São Paulo, restaurantes estão se adaptando para reabrir as portas e tentar recuperar a renda perdida durante a pandemia de coronavírus. A expectativa dos comerciantes é grande, mas os desafios também.
Dono de um restaurante de self-service no Centro, Robson Zioti está atento às regras. Ele afastou as mesas, fez marcas no chão para delimitar o distanciamento entre os clientes, instalou placas de vidro no caixa, totem com álcool em gel e ainda distribuirá luvas e máscaras na entrada.
“A adaptação é muito difícil. A gente dormiu de um jeito e acordou de outro, então a adaptação está sendo necessária, mas difícil”, diz Zioti.
Comerciante faz adaptações para reabrir as portas de restaurante em Ribeirão Preto
Carlos Trinca/EPTV
Apesar disso, o comerciante vê a retomada com bons olhos, já que o sistema de delivery e take-away implantados nos últimos meses não foram suficientes para equilibrar o caixa. Antes, ele servia 200 refeições no restaurante e, hoje, os pedidos não chegam a 50.
“O delivery é uma empresa dentro de uma empresa. Como temos 28 anos e nunca fizemos delivery, implantar um sistema desse do dia para noite é muito difícil. Está diminuindo o prejuízo mensal, mas não se paga”, diz.
Apesar das restrições, comerciantes vê com bons olhos reabertura de restaurantes em Ribeirão Preto
Carlos Trinca/EPTV
Na contramão de Robson, a comerciante Maria Aparecida Ferreira, dona de um restaurante no distrito Bonfim Paulista, não vai retomar o atendimento presencial por enquanto. Ela disse que conseguiu manter as contas em dia graças à clientela fiel, para quem ela entrega marmita diariamente há 18 anos.
“Pretendo continuar do jeito que estou, mantendo a distância. É seguro para os funcionários e para os clientes também”, diz Maria, que não precisou demitir nem suspender o contrato de nenhum dos cinco funcionários que trabalham com ela.
Mesmo com autorização para reabrir, comerciante mantém atendimento somente por delivery em Bonfim Paulista (SP)
Carlos Trinca/EPTV
Demissões
A realidade de Maria, no entanto, não é a da maioria dos comerciantes. A Associação Nacional de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que, das seis mil empresas do setor alimentício de Ribeirão Preto, duas mil decretaram falência no primeiro semestre de 2020 e demitiram dez mil pessoas.
O garçom Jefferson dos Santos, que trabalhava há seis anos no setor, faz parte deste grupo. Ele diz que, apesar de ter recebido todos os direitos empregatícios, a dificuldade de manter as contas em dia ainda é grande.
“Atrasou muito nossa vida, principalmente as contas, porque, desempregado, fica meio complicado você pagar. Sei que tem o seguro-desemprego, mas só com isso não tem como quitar as contas”, diz.
Demitido durante a pandemia de coronavírus, garçom relata dificuldades em Ribeirão Preto
EPTV/Reprodução
Cenário
O economista Edgar Monforte Merlo, professor da Universidade de São Paulo (USP), avalia que os restaurantes pequenos são os que mais sofreram durante a quarentena contra o coronavírus.
“Eles trabalham com preços menores e não têm uma gestão tão eficiente como os mais estruturados, então, quando vem um imprevisto, eles vão sentir mais, porque eles ganham para pagar as contas e sobrar um pouco”, analisa.
O economista afirma que, apesar das regras que restringem o funcionamento dos estabelecimentos a seis horas por dia, somente durante o período diurno, a flexibilização já é suficiente para que o setor tenha um respiro.
“Com a reabertura, essa demanda reprimida tende a ser retomada. As pessoas não vão conseguir fazer o que faziam antes, ficar tomando cerveja até altas horas. Se tomarmos cuidado, a gente esperaria a vacina com atividade econômica”, diz.
Economista diz que, apesar das restrições, reabertura dos restaurantes pode trazer respiro ao setor em Ribeirão Preto
Carlos Trinca/EPTV
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By Midia ABC

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