Grávida de nove meses de Ana Beatriz, Priscila Vieira Bastos conta que a filha foi diagnosticada ainda na barriga e que busca por tratamento especializado. Grávida busca tratamento especializado para bebê diagnosticado com má formação no coração
Arquivo Pessoal
Uma bebê diagnosticada com uma má formação congênita no coração já luta pela vida mesmo antes de nascer. Ao G1, a autônoma Priscila Vieira Bastos, grávida de nove meses da Ana Beatriz, conta que busca urgentemente por tratamento especializado para o caso da filha em hospitais de referência.
Priscila é moradora de Santos, no litoral paulista, e afirma que realizou os exames de pré-natal regularmente em uma policlínica próxima à casa dela. No entanto, próxima ao sétimo mês de gravidez, ela recebeu a notícia de que a bebê apresentava batimentos cardíacos fracos.
A autônoma foi orientada a procurar o serviço de emergência médica do Complexo Hospitalar dos Estivadores (CHE), em Santos, onde recebeu o diagnóstico da má formação do coração da filha. Segundo Priscila, a bebê possui uma doença conhecida um defeito do septo atrioventricular (DSAV).
Após o diagnóstico, a grávida passou a ser acompanhada por uma equipe de médicos obstetras e cardiologistas voltada a casos de gravidez de alto risco. Após passar por consultas no CHE e no Hospital Guilherme Álvaro, ambos em Santos, Priscila, já com mais de 32 semanas de gravidez, foi orientada a procurar por hospitais de referência de São Paulo.
“Me disseram que a Ana Beatriz não poderia nascer em Santos, mas sim em São Paulo, porque lá tem mais estrutura para o caso dela. Só que esse encaminhamento deveria ter sido solicitado quando eu estava com 28 semanas de gravidez. Então os médicos recomendaram que eu fosse até o Hospital das Clínicas, em São Paulo, para tentar o atendimento por lá”, afirma.
A luta da autônoma começou após ela ter o atendimento no Hospital das Clínicas, via Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), negado. Segundo informado a ela pelo hospital, os encaminhamentos só podem ser feitos com idade gestacional de 32 semanas e 0 dias, enquanto o pedido foi feito às 32 semanas e quatro dias da gravidez de Priscila.
Ana Beatriz foi diagnosticada com má formação no coração ainda na barriga da mãe
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Ela afirma, ainda, que procurou por outros hospitais da capital paulista via Cross, mas também teve os encaminhamentos negados. A alternativa encontrada por ela foi em um hospital particular, onde realizaria o parto através de uma cesariana agendada. O procedimento, segundo Priscila, tem custo mínimo de R$ 100 mil.
“Isso em contar os custos de internação, medicamentos, honorários dos médicos. Mães de crianças com doenças do coração já me falaram que o custo pode chegar a R$ 2 milhões, dependendo do tempo de internação. E os médicos já falaram que, pelo caso dela, ela precisa nascer em São Paulo e dificilmente resistiria a uma transferência a partir de Santos”, desabafa.
Comovida pela dificuldade enfrentada por Priscila, uma amiga decidiu levantar recursos, através de uma campanha de arrecadação virtual, como uma alternativa para que Ana Beatriz possa receber o atendimento médico necessário logo após o nascimento. “Eu só aceitei porque toda negativa me desaba”.
“Só tenho chorado, ainda mais em um momento que preciso estar concentrada para passar boas energias para minha filha, mas só tenho estado nervosa. A gente fica cansada física e mentalmente e minha mãe me convenceu a ir atrás de outra alternativa. Quero garantir esse atendimento porque sei que esse vai ser só o começo da nossa luta”, finaliza.
Médico explica
Ao G1, o médico cardiologista Philipe Saccab explica que a DSAV é um defeito genético e que deve ser constatado, idealmente, durante as 22 semanas de gestação, através de exames de ecocardiograma. De forma total, a condição exige cirurgia corretiva e pode estar associada a outras síndromes, como a síndrome de Down.
“Assim que a criança nasce, ela tem que passar por um ecocardiograma para que a equipe possa confirmar o grau e se o defeito é parte de alguma outra síndrome e assim definir o melhor momento para a cirurgia. Pode ser que precise de uma cirurgia mais precoce ou o caso pode ser monitorado por algum tempo, dependendo do grau”, explica.
O DSAV faz com que parte do sangue rico em oxigênio se misture com o sangue pobre, que chega sujo ao coração, conforme explica o médico. “Isso prejudica a troca desse sangue no coração e pode causar uma sobrecarga do pulmão. Por isso a importância do exame de prevenção, que deve ser feito ainda na barriga da mãe”.
Bebê diagnosticado com má formação no coração luta pela vida antes mesmo de nascer
