Brasileira na Venezuela luta para voltar ao Brasil após 6 meses de tentativas


Moradora de São Vicente, no litoral paulista, Sabah relatou ao G1 as dificuldades que enfrenta para retornar, e conta que teve o voo cancelado diversas vezes nesse período. Sabah tenta retornar ao país há seis meses
Arquivo Pessoal
A brasileira Sabah Kassen Azanki, de 56 anos, viajou no início do ano para a casa da filha na Venezuela, onde passaria dois meses, mas a pandemia do novo coronavírus dificultou o retorno dela, que já completou oito meses no país – seis deles tentando retornar ao Brasil. Moradora de São Vicente, no litoral de São Paulo, Sabah relatou ao G1 as dificuldades que enfrenta para retornar, e conta que teve o voo cancelado diversas vezes nesse período.
Sabah conta que viajou no fim de janeiro, após a filha dela dar à luz no Brasil para estar perto de familiares. Com a passagem de volta comprada, ela passou dois meses na Venezuela, mas, na data prevista para o retorno, já havia sido declarada a pandemia por conta da Covid-19, o que fechou fronteiras e aeroportos em ambos os países.
Segundo a vicentina, foram feitas diversas tentativas de remarcar o voo junto à companhia aérea, mas eles eram constantemente desmarcados, chegando ao ponto de precisar entrar na Justiça para tentar um respaldo. Mesmo de posse de uma liminar, ela permanece sem conseguir retornar.
Ela também recorreu ao Itamaraty, para tentar apoio do governo brasileiro no retorno para casa. Apesar da tentativa, Sabah conta que não houve uma solução. “Já tentei com as autoridades, mas os brasileiros aqui não têm apoio, não têm a quem recorrer”, ressalta.
Para Sabah, a situação é muito complicada, já que, no Brasil, ela ficava responsável pela mãe. “É difícil, minha família inteira mora no Brasil, minha mãe que é idosa. Todos trabalham durante o dia, quem fica com ela sou eu. É muito tempo, fico preocupada e não sei o que vou fazer”, desabafa.
Há oito meses morando com a filha, ela explica que sente falta de casa e que não estava preparada para passar tantos meses fora. Ela cita que também passa por dificuldades no cotidiano, como na compra de um remédio, que não é vendido na Venezuela. Sabah vem utilizando um similar neste período.
“Imagina, você vem preparada para ficar dois meses e fica oito, de repente. É complicado sair do seu país. Eu preciso voltar para a minha vidinha, e principalmente para cuidar da minha mãe”, desabafa Sabah.
Moradora de São Vicente não consegue voltar da Venezuela por conta da pandemia
Liminar
Sabah procurou ajuda de um advogado, que entrou com uma ação para tentar o retorno da brasileira. Segundo o advogado Jamal Kassen, a liminar foi concedida no dia 2 de junho. “Diante do descaso, da falta de informação e de atendimento, não restou outra alternativa, além de buscar o Poder Judiciário. Foi concedida tutela de urgência [liminar] para que as empresas Copa e Smiles embarquem a Sabah de volta ao Brasil, sob pena de multa”, explica Jamal.
Ele explica que foi emitida passagem de retorno ao Brasil para o dia 4 de setembro, que foi cancelada posteriormente. Uma empresa alegou que não tinha nenhuma responsabilidade pelo cancelamento, segundo o advogado, tendo em vista o fechamento do Aeroporto de Caracas, Capital da Venezuela. “Ocorre que a companhia aérea Copa realizou voo em 29 de agosto com destino ao Panamá, porém, ela não foi embarcada, sendo que, de lá, ela poderia ser embarcada ao Brasil”, explica o advogado.
Mesmo com a liminar, a brasileira permanece sem respostas. Por nota, a Smiles informou que entrou em contato com a cliente para orientá-la sobre os procedimentos. A companhia remarcou o voo junto à Copa Airlines, no entanto, as autoridades governamentais da Venezuela não estão autorizando voos internacionais e as fronteiras estão fechadas até outubro. A Smiles sugeriu que ela procurasse ajuda junto à Embaixada local, e segue acompanhando a situação.
O G1 tentou contato com a Copa Airlines e com o Itamaraty, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

By Midia ABC

Veja Também!