Brasileiro preso com conteúdo nazista após denúncia do FBI dizia ser ‘fuzileiro naval’ e debochava da polícia

Polícia Civil recebeu informações sobre a localização do homem de 20 anos, que foi preso no trabalho, nesta terça (13).

Imagens divulgadas pela Polícia Civil nesta quarta-feira (14) mostram que Pedro dos Santos de Deus, de 20 anos, preso em Campinas (SP) por suspeita de armazenar conteúdo nazista e de ódio à minorias, debochava de ameaças e duvidava que pudesse ser alvo de investigações policiais.

Em mensagens trocadas em um grupo de mensagens, o suspeito chegou a se apresentar como fuzileiro naval, o que não é verdade, segundo a polícia, e afirmou que poderia dar dicas e conselhos de como “evitar essas investigações patéticas”, ao se referir aos trabalhos da polícia.

Na conversa com outros usuários, o rapaz também falava sobre massacres e demonstrava a intenção de cometer atos graves de violência contra si mesmo, crianças, adolescentes, mulheres e animais”, como detalhou o delegado Elton Costa.

“Ele participava de grupos, e esses grupos faziam disseminação de mensagens neonazistas, de massacre de minorias, principalmente negros, homossexuais e outros tipos de minorias. E ali nesses grupos havia uma disseminação de de como realizar esse tipo de massacre contra as pessoas”.

“No momento que foi preso, ele se mostrou uma pessoa muito fraca, muito temerosa do que ia acontecer com ele. Não se mostrou uma pessoa violenta, diferentemente do que trazia ele no conteúdo das conversas que tínhamos […] nos aparentava ser uma pessoa muito violenta, com perigo efetivo real de alguma coisa. Ao encontrar, vimos que não se tratava disso, felizmente”.
O rapaz foi denunciado por um organismo internacional que inclui o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI, na sigla em inglês) e detido nesta terça-feira (13), no posto de combustíveis em que trabalhava como frentista.

Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que foi concedida liberdade provisória ao homem, “sob condição de comparecer mensalmente em juízo para justificar suas atividades”. O delegado acredita que isso não deve atrapalhar as investigações.

Busca por outros suspeitos
No celular do investigado foram encontraram trocas de mensagem relacionadas ao neonazismo, e no quarto em que morava junto com a avó, que foi aberto pelo suspeito, os policiais encontraram diversas fotos e vídeos classificadas como nazistas e de ódio às minorias, com a presença de uma suástica nazista no fundo de tela.

Ao ser questionado sobre as mensagens, Pedro teria dito aos policiais que queria “arrecadar material para uma investigação que ele estava fazendo para coibir esse tipo de conduta”. Na delegacia, porém, preferiu se manter em silêncio.

Com a apreensão desses equipamentos, a expectativa da polícia é de que outros integrantes do grupo sejam identificados. “Ele não é o único que manifesta nesse sentido. Obviamente que é um grupo. Nossas investigações tentarão agora, nesse segundo momento, identificar essas outras pessoas”, afirmou o delegado.

“Nós sabemos de outro já. Até encontramos, tanto nesse relatório inicial, quanto ontem nos computadores dele, uma fotografia que mostra quatro, cinco pessoas, que tem toda a identificação dos codinomes que eles usavam. Esse rapaz preso ontem, foi um deles que estava ali”.

Rastreado após denúncia

O homem foi localizado com o auxílio de informações fornecidas por operadores de telefonia e provedores de internet. Com o cruzamento de dados, uma equipe da Polícia Civil foi até um endereço onde havia a identificação de material compartilhado.

No local, uma residência, os agentes encontraram apenas a mãe do suspeito, que informou que o jovem havia deixado a casa após uma confusão — há um boletim de ocorrência dela contra o filho, ainda adolescente — e o suspeito estava com a avó, no Centro de Campinas.

“Todos ficaram muito assustados, principalmente a família. A avó dele, com quem ele morava, ficou muito assustada com tudo isso. Não tinha noção do que ele fazia, acreditavam que era meramente uma pessoa mais isolada, que ficava assim, usando a internet, enfim, sem qualquer problema maior”, detalhou Elton.
“Ele tinha uma vida regularmente estável, morava num lugar razoavelmente bom, tinha uma família razoavelmente boa, com problemas que todos têm, nada que justificasse todo aquele ódio que ele dizia ter […] diziam que ele apresentava um comportamento estranho, diferente, e a família tentou, dentro do possível, auxiliá-lo e ajudá-lo”.

 

By Ellena Gomes

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