Cidades de SP só precisam ter 25% dos leitos de UTI de Covid-19 ocupados para avançar à fase mais branda da quarentena


Mudança da fase amarela para a verde só era possível se região tivesse até 60% dos leitos de UTI de Covid-19 ocupados. Governo criou ainda valor máximo de óbitos e internações para cada 100 mil habitantes e necessidade de 4 semanas na fase amarela para liberar avanço. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante coletiva sobre ações contra a pandemia do coronavírus (covid-19) realizada no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, nesta segunda-feira, 27 de julho de 2020. O governo de São Paulo deverá anunciar nesta semana mudanças nas regras do plano de flexibilização da quarentena nos municípios paulistas. Uma das principais alterações será o afrouxamento do índice mínimo de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para que uma cidade passe da fase 3 (amarela) para a 4 (verde) da retomada.
BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O governo de São Paulo anunciou nesta terça-feira (28) que a taxa máxima de ocupação de UTIs para que uma região passe para a fase verde do Plano São Paulo, que regula a quarentena no estado, mudou de 60% para 75%. Além disso, o governo criou outros novos critérios, anunciados na segunda-feira (27), para a flexibilização da quarentena. Todas as mudanças começam a valer a partir de sexta-feira (31).
O G1 antecipou as alterações na segunda-feira (26). Além da mudança na taxa máxima de ocupação de leitos de UTI, o governo criou ainda:
Margem de segurança para mudança de fase: as regiões não poderão avançar ou regredir de fase caso estejam dentro da margem de erro dos critérios do Plano SP. No caso da ocupação de leitos de UTI, a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. Já para os critérios relacionados com a evolução da pandemia como, por exemplo, evolução de novos casos e internações, a margem é de 0,1.
Limite de óbitos e internações: as regiões precisam ter no máximo 40 internações a cada 100 mil habitantes e 5 óbitos por Covid-19 a cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias para evoluir da fase amarela para a verde.
Estabilidade na fase amarela: passaram a ser necessários 28 dias de estabilidade na fase amarela para que uma região possa avançar para a fase verde.
De acordo com o coordenador do comitê de saúde do governo, Paulo Menezes, as mudanças não visam facilitar o avanço de fase, mas garantir que as mudanças sejam sustentadas e que não haja regressão de regiões para estágios mais restritos da quarentena.
A secretária de Desenvolvimento Econômico do estado, Patrícia Ellen, destacou a importância de liberar leitos de UTI.
“Nós tivemos que fazer um trabalho para atender as pessoas que precisavam ser atendidas por Covid, mas quando nós iniciamos esse trabalho a nossa situação era muito diferente, nós tínhamos 3.500 leitos de UTI disponíveis, desde o anúncio do plano São Paulo até hoje, esse número aumentou em mais de 100 por cento, hoje nós temos 8.160 leitos disponíveis e um pedido do centro de contingência foi que é necessário a retomada do atendimento de pessoas que estão precisando do atendimento por outras doenças, com isso, a gente consegue fazer esse remanejo e manter a segurança para o atendimento de Covid. Por quê? 40% de leitos livres com 3.500 leitos, nós teríamos 1.400 leitos, 25% de leitos livres que é a nova sugestão acatada pelo governo em 8.160 leitos são 2.040 leitos livre para Covid. Ou seja, a gente mantém a segurança até maior nesse momento que houve um trabalho muito grande da saúde para aumento da capacidade, mas nós também garantimos que quem precisa ser atendido por outras doenças também seja atendido”, afirmou Patrícia.
Também houve alteração nos critérios necessários para que uma região mude da fase laranja para a amarela, anteriormente, era necessário que o local tivesse uma taxa máxima de ocupação de leitos de UTI de 70%, agora o percentual pode ser de até 75%.
Internações e mortes por 100 mil habitantes
O estado também passará a considerar como um dos critérios para a transição da fase amarela para verde a quantidade de internações e mortes a cada 100 mil habitantes no município. Anteriormente, o Plano São Paulo considerava apenas o indicador a redução de internações de 50% para a mudança de fase.
“Inicialmente nós tínhamos o indicador de redução de internações de 50%, mas acompanhando práticas internações nós percebemos que também era necessária uma exigência de um limite máximo de internações a cada 100 mil habitantes e óbitos a cada 100 mil habitantes que nos permita acompanhar e agregar esse critério da intensidade da pandemia em relação a população em cada região. Assim, além da queda dos indicadores, nós adicionamos uma exigência de, no máximo, 40 internações a cada 100 mil habitantes e 5 óbitos a cada 100 mil habitantes dentro de 14 dias. Assim, a passagem para a fase verde ela deve assegurar um patamar seguro de internações e óbitos e essas novas regras garante a maior segurança”, afirmou Patrícia.
A secretária afirmou ainda que nenhuma região passará da fase amarela para a fase verde se tiver mais de 40 internações e 5 óbitos a cada 100 mil habitantes.
Anteriormente, os cinco critérios utilizados para basear a classificação das Divisões Regionais de Saúde são: ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs); total de leitos por 100 mil habitantes; variação de novas internações, em comparação com a semana anterior; variação de novos casos confirmados, em comparação com a semana anterior; variação de novos óbitos confirmados, em comparação com a semana anterior.
Por fim, outro critério adicionado na classificação das regiões no Plano São Paulo foi a estabilidade de pelo menos 28 dias consecutivos para que uma região passe da fase amarela para a verde.
Covid-19: Governo de SP anuncia novos critérios para mudanças de fases
Capital
De acordo com o Paulo Menezes, coordenador do comitê de contingência, mesmo com as mudanças a capital paulista não passaria da fase amarela para a verde, pois o município não atende os novos critérios colocados pelo estado de número máximo de internação e de óbitos a cada 100 mil habitantes.
“Para prosseguir para o verde o município de SP precisa diminuir em cerca de 50% nas internações. Mesma coisa pros óbitos, também tem que haver uma redução importante”, afirmou Menezes.
Na segunda-feira (27) a secretária de desenvolvimento econômico do estado, Patrícia Ellen, disse que mesmo com as mudanças a capital paulista não passaria da fase amarela para a verde, pois o município não tende os novos critérios colocados pelo estado de número máximo de internação e de óbitos a cada 100 mil habitantes.
“O município de São Paulo não atenderia aqueles novos indicadores absolutos de internações a cada 100 mil habitantes e óbitos a cada 100 mil habitantes. O número final que vai ser aprovado amanhã pelo centro de contingência está entre 30 e 40 internações a cada 100 mil habitantes, se não me falha a memória, o número de internações no município é entre 70 e 80 internações a cada 100 mil habitantes hoje. Idem óbitos, a gente está colocando o número ali de 5 óbitos a cada 100 mil habitantes e a capital tem um número maior que esse. Então, esses fatores absolutos são indicadores que tem sido utilizados mundialmente hoje e que na discussão do centro de contingência o centro insistiu muito de ter essa trava, além das quatro semanas”, afirmou Patrícia na segunda (27).
“O município atende as quatro semanas atende a velocidade da redução, mas tem que atingir essa base para transição também”, disse a secretária.
Ainda, segundo Patrícia, com os dados de segunda-feira (27) as alterações só poderiam trazer alguma mudança na classificação da região de Sorocaba, no interior do estado, que poderia passar da fase laranja para a amarela.
“Não mudaria praticamente nada se a classificação fosse realizada hoje. Também, se não me falhe a memória, a única mudança que a gente teria seria se o corte do centro de contingência ficar em 75% e não em 70% a região de Sorocaba talvez teria uma atualização de fase, com os dados de hoje, lembrando que as atualizações são feitas às sextas-feiras, mas nenhuma alteração regional exatamente porque a base aqui foi a estabilidade”, afirmou.
Atendimentos de outras comorbidades
Em entrevista concedida na segunda-feira (27), João Gabbardo, coordenador-executivo do comitê de saúde estadual, disse que a alteração da taxa máxima de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 foi solicitada pela equipe técnica em função dos custos e da demanda de leitos para outras comorbidades.
“A capital de São Paulo está trabalhando hoje com um pouco mais de 64% de ocupação. Temos aí mais de 30% dos leitos ociosos. O que acontece: A tendência de São Paulo é de redução do número de leitos porque tem reduzido o número de casos, tem reduzindo o número de internações, e esses leitos ficarem ociosos, tem a questão do custo, mas tem uma outra coisa que é mais importante que o custo, existem as necessidades das pessoas por outras situações que não são Covid. As pessoas continuam tendo infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), acidentes automobilísticos, e todas essas demandas precisam de atendimento de UTI e esses leitos estavam sendo priorizados para Covid”, disse o coordenador em entrevista à GloboNews na manhã desta segunda (27).
Gabbardo afirmou ainda que o comitê vê redução do número de internações por coronavírus e solicitou a alteração.
“Neste momento, com essa redução da necessidade, há possibilidade de que nós tenhamos uma disponibilidade um pouco maior para o atendimento das outras situações que também são necessárias. Essa é a solicitação, é isso que o Centro de Contingência avaliou, e o governador deve anunciar nos próximos dias, talvez anuncie ainda hoje, alguma modificação em relação a essa necessidade do cumprimento da disponibilidade de leitos de UTI.”
Plano São Paulo
Para começar a reabertura gradual do estado em 1º de junho, o governo dividiu o território de acordo com as 17 Divisões Regionais de Saúde (DRS). A Grande São Paulo ainda foi subdividida em microrregiões. A flexibilização da quarentena é feita de modo diferente em cada uma dessas regiões.
Esses critérios definem em qual das cinco fases de permissão de reabertura a região se encontra:
Fase 1 – Vermelha: Alerta máximo
Fase 2 – Laranja: Controle
Fase 3 – Amarela: Flexibilização
Fase 4 – Verde: Abertura parcial
Fase 5 – Azul: Normal controlado
Reabertura de setores da economia:
Fase vermelha: Permitido o funcionamento apenas de serviços essenciais.
Fase laranja: Permitido o funcionamento de serviços essenciais. Imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio e shopping center, podem reabrir, mas com restrições.
Fase Amarela: Permitido o funcionamento de serviços essenciais, imobiliárias, concessionárias e escritórios. Comércios, shopping centers, salões de beleza, bares, restaurantes, academias, parques e atividades culturais com público sentado podem funcionar, mas com restrições.
Fase verde: Permitido o funcionamento de serviços essenciais, imobiliárias, concessionárias e escritórios. Comércios, shopping centers, salões de beleza, bares, restaurantes, cinemas, teatros, parques e academias também podem funcionar, mas com restrições. Eventos, convenções e atividades culturais com público em pé poderão voltar a acontecer quando houver uma estabilidade de quatro semanas do estado de São Paulo na fase verde (4), também com restrições.
Nesta sexta-feira (24) o governo de São Paulo anunciou a flexibilização da quarentena nas regiões de Campinas, Araçatuba e Araraquara, no interior do estado. A situação das regiões no Plano São Paulo, que regulamenta a reabertura gradual das atividades econômicas, foi atualizada: Campinas e Araçatuba avançaram da fase vermelha – a mais restrita, em que apenas atividades essenciais estão liberadas – para a fase laranja. Já a região de Araraquara passou da fase laranja para a amarela. Nenhuma região do estado retrocedeu.
O governador João Doria determinou ainda a renovação da quarentena a partir da próxima segunda-feira (27). A nova quarentena será a oitava desde o início da pandemia e vai até o dia 10 de agosto.
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By Midia ABC

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