Pista passou por reforma e ganhou acesso para pessoas com deficiências; ciclistas cobram pendência antiga por mais acessos ao longos dos 21,5 km de percurso. Foto de arquivo mostra ciclistas na manhã de um domingo em São Paulo, na ciclovia da Marginal Pinheiros, Zona Sul da cidade de São Paulo
Felipe Rau/Agência Estado
O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (31) que a ciclovia da Marginal Pinheiros vai reabrir na segunda-feira (3), após quatro meses fechada como medida de enfrentamento à pandemia do coronavírus. De acordo com ele, a estrutura ganhou melhorias.
A ciclovia teve os acessos interditados no dia 21 de março. Na capital, ela e as pistas que passam por parques temporariamente interditados eram os únicos passíveis de bloqueio por terem portões.
“A partir da próxima segunda-feira, os ciclistas terão de volta a ciclovia da Marginal Pinheiros totalmente modernizada. Ela será utilizada tanto para mobilidade, como para quem treina ou utiliza para lazer”, disse o governador em entrevista coletiva.
“Toda a pista passou por uma completa reforma – a revitalização do asfalto e da sinalização, a instalação de câmeras de segurança, a presença de seguranças, foram retiradas 50 toneladas de lixo e foi feita a revitalização do paisagismo. Na altura da estação Vila Olímpia foi instalada também uma estação especial de apoio, foram reformados os 12 banheiros do trajeto, e facilitada a acessibilidade para ciclistas com deficiências”, continuou Doria.
A estação especial da Vila Olímpia da CPTM é um contêiner, que funciona como vestiário, com cinco chuveiros e banho a R$ 16.
Faltam acessos
Ciclistas comemoram o banho de loja que a ciclovia tem recebido, que inclui ainda a instalação de seis “vending machines”, com produtos para ciclistas, seis máquinas para recarregar celulares e um contêiner-chuveiro na altura da estação Vila Olímpia, com banho a R$ 16. Há ainda promessas de cafés, minimercados e oficinas, além da ampliação do horário de funcionamento, que hoje é das 5h30 às 18h30.
No entanto, quem pedala aponta que há problemas antigos, pendentes, como a falta de acessos. A ciclovia do Rio Pinheiros possui 21,5 km de extensão, que acompanham a linha 9-Esmeralda da CPTM, na Zona Oeste da cidade de São Paulo, e somente cinco acessos.
Eram sete, mas uma das entradas foi removida, na altura da estação Santo Amaro, e outro na Ponte Cidade Jardim, para atender a ciclistas de alta velocidade, que foram convidados a se retirar da USP no ano passado. A Prefeitura do Campus, responsável pela gestão da Cidade Universitária, lançou o Manual de Prática de Ciclismo Esportivo, que restringiu os dias, horários e locais para os ciclistas esportivos.
“Desde a inauguração dessa ciclovia, há 10 anos, a principal demanda é por mais acessos, o que a tornaria bem mais inclusiva e utilizada. A iniciativa privada pode ajudar, mas deve se lembrar que o espaço é público, e deve ser sempre inclusivo e acessível. Será fundamental o diálogo com as pessoas coletivos e representações oficiais dos usuários interessados”, defendeu Sasha Hart, pesquisador, hidrogeólogo e conselheiro da Câmera Temática da Bicicleta.
Banho de loja
A estrutura foi privatizada em março deste ano, quando passou a ser administrada pela iniciativa privada. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) firmou parceria por pelo menos três anos com a Farah Service, empresa especializada em revitalização de áreas urbanas, para cuidar do trecho que fica na margem direita do Rio Pinheiros.
Na ocasião do contrato, a CPTM disse que o objetivo da gestão compartilhada era trazer uma economia de R$ 5,4 milhões durante o período de contrato, que pode ser prorrogado, e explicou que se trata de doação, sem contrapartida, embora a gestora possa utilizar para propaganda o trecho, que possui média mensal de passagens de 40 mil ciclistas.
O projeto caminha junto a proposta da gestão Doria de fazer da região do Rio Pinheiros, uma Puerto Madero como de Buenos Aires, na Argentina, e inclui a ambiciosa promessa de despoluir o curso d’água até 2022.
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