Esposa de piloto de avião relata sobre acidente que matou marido em rodovia: ‘Vi muita poeira e pedra levantando’

Daniel Queiroz Neiva, de 37 anos, morreu após caminhão invadir pista contrária e colidir em carro que dirigia na Rodovia José Ermírio de Moraes (Castelinho), em Sorocaba (SP). Ele e a esposa estavam com as filhas gêmeas no momento da batida. Daniel Queiroz Neiva trabalhava como piloto de avião e morava em Guarulhos (SP) com a esposa e as filhas
Arquivo Pessoal/Deisi Morvan
A mulher do piloto de avião Daniel Neiva, de 37 anos e que morreu após um acidente envolvendo caminhão na rodovia Rodovia Senador José Ermírio de Moraes, em Sorocaba (SP), relatou ao G1 sobre os momentos de tensão e susto ao ver o caminhão indo em direção ao carro onde estavam o marido e as duas filhas gêmeas, de apenas 10 meses.
O acidente foi registrado no dia 19 de setembro. Um caminhão, que seguia sentido São Paulo, atravessou duas pistas, o canteiro central e foi bater no carro de Daniel, que vinha no sentido contrário. Com o acidente, o veículo da família capotou. Devido ao impacto, o piloto não resistiu aos ferimentos.
“A viagem foi muito tranquila, mas de repente eu senti uma freada muito brusca e vi o caminhão vindo pelo canteiro de outra pista. Vi muita poeira e pedra levantando. Foi quando eu senti a batida”, lembra Deisi Morvan, de 32 anos.
Segundo Deisi, que é comissária de bordo e mora em Guarulhos, ela e o marido estavam a caminho de Sorocaba para almoçar e encontrar com um amigo. Todo mês os dois costumavam fazer um passeio de carro com as filhas.
Deisi estava no banco de trás com as filhas, que estavam na cadeirinha. No momento do impacto, ela foi arremessada para fora do carro.
A comissária sofreu fratura na bacia, clavícula e no radio distal, e está se recuperando em casa, com a ajuda da mãe. As bebês saíram ilesas.
“Confesso que não sei como estou viva. Foi um milagre. O carro ficou em cima das minhas pernas e pesava duas toneladas. Na hora, a minha primeira preocupação foi com o estado de saúde delas [filhas], eu não as via”.
“Eu via o Daniel e para mim ele estava aparentemente inconsciente, mas as meninas choravam muito”, relata.
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar as causas do acidente. Em depoimento à polícia, o motorista relatou que se atrapalhou enquanto dirigia o veículo.
Daniel Queiroz Neiva morreu no sábado (19), em um acidente na rodovia Senador José Ermírio de Moraes, em Sorocaba
Moniele Nogueira/ TV TEM
Homenagem
Piloto de avião morre em acidente e amigos fazem homenagem
Após o acidente, Deisi ficou no hospital em recuperação até o dia 23 de setembro. Daniel foi enterrado em Brasília (DF), cidade onde ele nasceu, no dia 22. Mesmo ela não podendo estar presente fisicamente, alguns amigos do casal enviaram vídeos de uma homenagem que fizeram para ele.
Duas aeronaves sobrevoaram uma de cada vez em cima do local onde Daniel foi sepultado. (Veja acima)
“Fizeram uma cerimônia muito bonita. Ele sempre foi muito querido e voava de maneira espetacular. Era o melhor piloto que ele conhecia, e não estou falando só porque era meu marido. Ele foi amor e foi fazer o voo mais lindo da vida dele”, comenta Deisi.
‘Foi um pai maravilhoso’
Família sofreu um acidente no dia 19 de setembro, após ter o carro em que estavam atingido por caminhão na contramão
Arquivo Pessoal/ Deisi Morvan
Desde que soube que enfrentaria a missão de ser pai de gêmeas, Deisi afirma que Daniel se preocupava com a segurança das filhas. Antes de nascerem, foi ele quem escolheu o carrinho e as cadeirinhas.
Em novembro de 2019, as bebês vieram ao mundo. Elas completaram 10 meses no dia 27 de setembro, uma semana após o acidente.
“Foi ele que escolheu a cadeirinha e era isso o que elas estavam usando na hora do acidente. Salvou a vida delas”, afirma Deisi.
Mesmo trabalhando com voos, o nascimento das gêmeas agitou a rotina dos dois que enfrentaram juntos a experiência de serem pais de primeira viagem.
“Cuidar de gêmeos é muito pesado. Elas foram pegando todo o jeito dele e comigo também. Era como se tivesse uma filha para cada um. A gente estabeleceu uma divisão de tarefas que funcionava do nosso jeitinho e as meninas também estavam acostumadas.”
Daniel Neiva com as filhas Lorena e Letícia
Arquivo Pessoal/Deisi Morvan
E, não era apenas a vista do alto que encantava o casal. Daniel adaptou um veículo antigo para viajar com a família.
“Assim que elas nasceram, ele fez questão de arrumar os bancos para colocar as cadeirinhas das meninas. Elas adoravam viajar com o papai. Hoje, o que me dá mais força para eu me recuperar é para que eu consiga ficar bem, para conforme elas crescerem, eu poder cria-las em um caminho de retidão, assim como planejamos”, conta Deisi.
“Ele amava as duas desde quando elas estavam na barriga. Ele foi um pai maravilhoso e presente. Estava no parto, fazia todas as tarefas que envolviam as crianças como dar banho, colocar fralda e dar papinha. Cuidava delas como se fossem a maior riqueza da vida dele”, relata.
Daniel adaptou o veículo para passear com as filhas
Arquivo Pessoal/ Deisi Morvan
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