Estabelecimento afirmou, em nota de esclarecimento, que não utiliza álcool em frascos não identificados, e que o garçom acusado foi demitido. Fabíola Ramos, mãe da criança que teria bebido álcool 70%, irá processar restaurante em Santos, SP
Arquivo Pessoal/Fabíola Ramos
Uma família acusa um garçom de um restaurante em Santos, no litoral de São Paulo, de servir álcool 70% ao invés de água gelada para que uma criança de 1 ano e 11 meses bebesse. Ao ingerir o líquido, o menino precisou ser socorrido após vomitar, mas foi avaliado e passa bem.
Em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (30), Thalyta Silva, tia da criança, contou que a confusão ocorreu em um restaurante localizado no bairro Embaré, quando a família já estava de saída do estabelecimento, no dia 20 deste mês. Ao se dirigirem ao caixa para pagar pela refeição, a mãe da criança decidiu comprar água para o menino, que estava com sede.
Como a garrafa de água estava gelada, a mãe optou por pedir ao garçom para encher o copinho do menino com água em temperatura ambiente. Minutos depois, ele trouxe o copo cheio, que foi dado à criança imediatamente. O menino deu um gole, chegou a cuspir e ficou com a língua para fora. “Pensamos que tinha sido o pirulito que ele estava comendo e continuamos conversando”, conta Thalyta.
Copo usado pela criança no restaurante em Santos, SP
Arquivo Pessoal/Fabíola Ramos
Após pagar a conta, enquanto saíam do restaurante, a mãe do menino sujou a mão com o pirulito e abriu o copinho para usar a água para se limpar. “O cheiro de álcool exalou na hora. Não tínhamos dúvidas que aquilo não era água, mesmo assim, peguei e bebi para provar. Até queimou minha boca”, relata.
Quando reclamaram, segundo Thalyta, o garçom imediatamente pegou o copo e jogou o conteúdo fora, lavando-o em seguida. Ele trouxe, ainda, uma garrafa de água lacrada para a família. “Não sei como um ser humano consegue fazer isso com uma criança tão inocente”, diz.
Mãe e tia apontaram o erro ao gerente do restaurante, que verificou as imagens das câmeras de monitoramento, que mostram o garçom pegando uma garrafa sem rótulo na cozinha e a usando para encher o copo infantil. Ele misturou com água do filtro antes de entregar às clientes.
Elas chamaram a Polícia Militar e registraram a ocorrência junto à corporação, mas, indo à delegacia, não conseguiram prosseguir com a denúncia. De acordo com elas, policiais civis de plantão alegaram falta de provas para registrar o boletim. A criança vomitou algumas vezes e precisou ser levada a um pronto-socorro, mas foi avaliada e passa bem.
Desabafo sobre a situação foi compartilhado nas redes sociais
Reprodução/Facebook
Danos morais
O advogado João Manoel Armoa Junior, que representa a mãe da criança, afirmou que irá mover um processo por danos morais contra o restaurante, além de solicitar a abertura de um inquérito policial pela Polícia Civil para apurar o caso.
Como o copo do bebê foi lavado pelo garçom, o advogado aponta que não há prova técnica, mas que seguirão com a prova testemunhal. O defensor afirma, ainda, que um laudo médico apontou corpo estranho no organismo da criança, mas não identificou qual seria. A ação deve ser distribuída até o fim desta semana.
Confira a nota de esclarecimento do restaurante
Veja abaixo a íntegra da nota de esclarecimento divulgada pelo Brother’s Bar e Choperia II, restaurante onde trabalhava o garçom acusado de servir álcool 70% para a criança beber.
“Prezados clientes, fornecedores, frequentadores e amigos do Brother’s Bar e Choperia,
Mantendo o nosso compromisso de transparência com todos e nosso dever, como empresa, em prestar uma segunda nota com um esclarecimento posterior à análise das filmagens e do relato por parte do funcionário envolvido no ocorrido, vimos, por meio desta, findar qualquer falácia sobre o que de fato aconteceu.
Por meio dos vídeos, é possível avaliar que há um procedimento inadequado e fora dos padrões estabelecidos pela casa, por parte do funcionário que atendia à mesa da Sra. Thalyta e da Sra. Fabíola. Entretanto, apesar das imagens, não é comprobatório que o mesmo, conforme é alegado, tenha servido qualquer substância indevida para o filho da Sra. Fabíola.
O estabelecimento dispõe de apenas uma única forma de servir água aos seus clientes, através da venda em recipiente lacrado e rotulado. Por motivo que não é padrão, a solicitação de um favor para abastecimento de um copo para a criança, atendida pelo garçom, não fora feito diretamente pelo filtro de água, disponível de forma visível a todos os clientes, na copa do estabelecimento.
Asseguramos que o Brother’s Bar e Choperia não faz uso de material de limpeza em sua copa em frascos sem rótulo, bem como em recipientes inapropriados, passíveis de ambivalência ou dúvida, tendo seu uso exclusivamente em forma de gel, para as mãos, e em borrifadores, para outras aplicações.
As bebidas alcoólicas permanecem em seus frascos originais, devidamente rotulados, pois se faz necessário não somente para distinção do produto, mas para preservação da qualidade e do sabor das mesmas.
Nossa medida pontual, em resposta aos fatos apurados, é a demissão imediata do supracitado funcionário e as tratativas subsequentes seguem com nosso departamento jurídico.
A todos os nossos clientes e amigos, que sabem o trabalho que fazemos para servi-los da melhor forma possível, nosso muito obrigado pela compreensão”.
Família acusa garçom de encher copo de criança com álcool em restaurante no litoral de SP
