Contêiner contendo material de cenografia do Coletivo 302 foi guinchado, sem aviso prévio, pela Prefeitura de Cubatão. Coletivo teatral tem cenografia guinchada pela Prefeitura de Cubatão
Fausto Franco/Coletivo 302
Um grupo teatral acusa de descaso a Prefeitura e a Secretaria de Cultura de Cubatão, SP, após ter um contêiner, lotado de equipamentos, guinchado sem aviso prévio. Ao G1, a atriz e produtora do Coletivo 302, Sandy Andrade, afirma que a administração municipal ainda cobrou R$ 1,6 mil para que o grupo pudesse retomar o material.
O Coletivo 302 é responsável pela peça teatral ‘Vila Parisi’, na qual conta a história do extinto bairro que se localizava na área industrial da cidade. Para a peça, o grupo conquistou um edital, por meio do Programa de Ação Cultural (Proac) do Estado de São Paulo, para a compra de figurinos, cenografia e equipamentos de som e luz.
Segundo Sandy, antes da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o espetáculo era apresentado na Praça do Cruzeiro Quinhentista, longe da sede do coletivo. Portanto, o grupo adquiriu um contêiner para armazenar todos os equipamentos, que ficou instalado às margens da praça.
No entanto, por conta da paralisação em decorrência da pandemia, o coletivo deixou de se apresentar, mas o contêiner permaneceu instalado na praça, com a autorização da Prefeitura, da Secretaria de Cultura e da Companhia Municipal de Trânsito (CMT) de Cubatão.
Já no dia 26 de agosto, o grupo teatral foi surpreendido com uma mensagem enviada pela secretária de Cultura, Vanessa Toledo, por meio de um aplicativo de mensagem. Na ocasião, a secretária solicitou que o grupo retirasse o contêiner da praça, conforme explica Sandy.
Cenografia, figurinos e equipamentos de som e luz de grupo teatral foram guinchados em Cubatão
Fausto Franco/Coletivo 302
“Ela nos mandou uma mensagem, dizendo que a CMT havia pedido para que tirássemos o contêiner. Como a CMT conhece nosso trabalho, pedimos um prazo para planejarmos a retirada do material, já que estávamos sem dinheiro pois estamos sem trabalhar. Mas não foi isso que aconteceu”, afirma a produtora.
Segundo Sandy, o Coletivo 302 foi novamente surpreendido com um vídeo, gravado por um vereador na Praça do Cruzeiro Quinhentista, já no dia 15 de setembro. Nas imagens, o grupo teatral percebeu que o contêiner, onde eram armazenados todos os equipamentos, havia sido retirado da praça, sem qualquer notificação.
“Questionamos várias pessoas e descobrimos, mais de duas semanas depois, que nosso contêiner com todo o material da peça foi guinchado no dia 28 de agosto, sem qualquer tipo de aviso formal da secretaria. Tentamos reuniões com a secretária, mas não tivemos resposta, ninguém intervém”, explica a produtora.
Sandy aponta, ainda, que o Coletivo 302 chegou a questionar a secretaria, e foi informado de que teria que pagar R$ 1,6 mil para reaver o equipamento, referente aos custos do guincho. “Eles ainda falaram que estavam sendo bonzinhos pois não cobrariam o preço da diária no pátio”.
“Estamos tentando uma negociação com a CMT, pois sempre tivemos uma relação muito boa com eles, mas o que a prefeitura e a secretaria fazem com a gente é descaso. Estamos apreensivos pois precisamos desse material para podermos ter o mínimo de trabalho”, finaliza Sandy.
Resposta
Em nota, a Companhia Municipal de Trânsito de Cubatão (CMT) esclarece que o contêiner, de responsabilidade do Coletivo 302, estava autorizado a permanecer no canteiro frontal do Cruzeiro Quinhentista de janeiro a junho 2020. Após esse período, o contêiner não foi retirado, motivando reclamações, pois atrapalhava a visibilidade de motoristas e servia de abrigo para usuários de drogas.
Em virtude deste cenário, a CMT solicitou à Secretaria de Cultura providências para retirada do equipamento e, ao mesmo tempo, tentou contatar integrantes do Coletivo 302 para que fosse feita a remoção, não conseguindo localizar os representantes. Em 28 de agosto, a Companhia Municipal de Trânsito removeu o contêiner com todos os cuidados possíveis e encaminhou o equipamento para o pátio localizado na Avenida Plínio de Queiróz.
Após o ocorrido, a Secretaria de Cultura, bem como representantes do Coletivo 302, solicitaram a liberação do contêiner com isenção das taxas de remoção e diárias do pátio. O pedido de isenção foi encaminhado à Assessoria Jurídica da CMT para análise.
Grupo teatral de Cubatão tenta reaver equipamentos após ter cenografia guinchada
