Reencontro aconteceu em Praia Grande, no litoral de São Paulo, após grupo de voluntários entrar em contato com familiares. Morador de rua volta para casa após grupo promover reencontro emocionante em Praia Grande
“Graças a Deus o encontrei com vida. Agora, vamos escrever uma nova história”, relata Rosângela Chaves da Silva, de 41 anos, após reencontrar o irmão José Carlos da Silva Filho, que morava nas ruas de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Após um ano e meio sem notícias, um grupo da região encontrou um certificado do rapaz e conseguiu contato com a família, promovendo um reencontro emocionante entre os irmãos e a mãe de 70 anos, como relata Rosângela nesta segunda-feira (3).
Aos 37 anos, José Carlos já passou por diversos momentos difíceis, que o levaram para as ruas. É o que conta a irmã Rosângela em entrevista ao G1 após o reencontro que aconteceu neste domingo (2). Depois de uma traição, ele decidiu se mudar para o nordeste, onde conviveu com uma de suas irmãs. O rapaz, que começou a enfrentar problemas com a bebida, estava se recuperando quando a irmã que estava ajudando nesse processo morreu.
“Isso tudo mexeu com o psicológico dele”, comenta a irmã. Ela diz que, quando ele se mudou, a família ainda recebia notícias, mas com o passar dos anos foi muito difícil. O período foi de muita preocupação e buscas. Rosângela relata que deixou o telefone dela em diversos lugares, incluindo uma paróquia que ele tinha trabalhado há alguns anos.
Família e amigos se reuniram após reencontro em Praia Grande (SP)
Arquivo Pessoal
A ideia de deixar o telefone na paróquia foi essencial para o reencontro, já que o grupo de voluntários que encontrou José entrou em contato justamente com a igreja. Os moradores da cidade, que são voluntários, entregam marmitas para moradores de rua toda sexta-feira e encontraram uma espécie de certificado que constava o nome da paróquia.
“Por ser da igreja católica ele pediu um terço e se emocionou ao pegar. Depois disse que ficou tocado porque o padrinho é padre e mostrou a lembrança de crisma que tem o nome da paróquia, que ele levava dobrada no bolso. Ligamos e eles disseram que tentariam ajudar”, conta a representante comercial Andreia Souza Oliveira.
Andreia e Wildes dos Santos, juntos com outros voluntários do grupo, entraram em contato na sexta à noite, e no sábado conseguiram ligar para Rosângela, que decidiu viajar em busca do irmão. Acompanhada da mãe Maria De Lourdes Chaves da Silva, de 70 anos, ela saiu de Itapevi e chegou em Praia Grande para o reencontro.
Certificado ajudou no reencontro da família
Arquivo Pessoal
“O grupo se dividiu e começamos a procurar. Um amigo dele disse ‘espera que vou trazer seu irmão’ e eu o encontrei. Foi muito emocionante, minha mãe chorou muito, foi lindo. Eu disse para ele ‘você vai voltar para casa, mudar a página e seguir em frente”, explica a irmã.
A família se reuniu junto com amigos de José, caminharam até a faixa de areia para celebrar o momento, e em seguida voltaram para a cidade. Mesmo voltando para a cidade de origem, o objetivo da família é ajudar os amigos que ele fez nesse período. “Muitos querem voltar para casa, por isso queremos usar experiência que tivemos e poder ajudar outras famílias a reencontrar suas famílias”, completa Rosângela.
Família se reencontrou após um ano e meio
Arquivo Pessoal
Grupo Voluntário
De acordo com Andreia, o grupo de voluntários “Exército de Jesus” começou na igreja, mas é independente. “Entregamos a comida e conversamos. As pessoas julgam, mas tem muitos casos. Muitas vezes é uma depressão que leva a pessoa até as ruas”, comenta a voluntária.
Ela ainda reitera que desde o início da pandemia o cuidado tem sido mais cauteloso, e o uso de itens como máscara, álcool em gel e luvas, fundamental para continuação do trabalho.
O trabalho feito com José fez com que outras pessoas em situação de rua, que o conheciam e sabem do grupo, buscassem pedindo ajuda. “Dois já me procuraram, tirei foto para tentar encontrar os familiares”, comenta Andreia.
Wildes dos Santos, que fez o contato com a família, comenta que o grupo reúne pessoas que diferentes religiões, e que este reencontro não é o primeiro, mas que esses momentos incentivam o grupo. “É gratificante ter esses reencontros. Foi um momento emocionante”, finaliza.
Família e amigos de José comemoraram reencontro
Arquivo Pessoal
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