Promotora do Gaema afirma que o início das chamas, na sexta-feira (18), foi criminoso. Investigação analisa câmeras de segurança na região e colhe depoimentos de moradores. A promotora Cláudia Habib, do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema), disse nesta segunda-feira (21) que o Ministério Público busca pelo suspeito de causar o incêndio que destruiu uma área superior a 10 campos de futebol na zona sul de Ribeirão Preto (SP) na sexta-feira (18).
Segundo Cláudia, não há dúvidas por parte da promotoria, da Polícia Ambiental e do Corpo de Bombeiros de que o início das chamas foi criminoso. Ela afirma que outras queimadas estavam previstas para o final de semana.
“Moradores da região, pessoas que não se conhecem, descreveram as mesmas características do incendiário. Isso voltou a acontecer no sábado novamente e no domingo por volta das 2h30. Graças a Deus, o monitoramento preventivo estava atento e conseguiu obstar o novo incêndio”, diz.
Fogo devasta vegetação ao lado de condomínios na zona sul de Ribeirão Preto (SP)
Luciano Tolentino/EPTV
Para chegar até o suspeito, câmeras de segurança dos condomínios próximos às áreas afetadas na zona sul da cidade e moradores dos bairros da região serão ouvidos nesta semana. O MP também pediu abertura de inquérito por parte da Polícia Civil.
O G1 aguarda um posicionamento da Secretaria de Segurança Pública.
Queimadas
O fogo começou por volta das 11h em um canavial próximo à região do bairro Vila do Golfe. Com o vento e o tempo seco, as chamas se propagaram até uma área de preservação. Por conta do avanço rápido das chamas, os moradores precisaram deixar as casas.
Um redemoinho de fogo foi registrado em vídeo obtido pela reportagem. As imagens mostram quando ele vira uma espécie de funil, avança pelo descampado e deixa um rastro de chamas.
Vigilante perde moto para o fogo e se arrisca para salvar cães de incêndio
Ao menos seis equipes do Corpo de Bombeiros estiveram no local para combater o incêndio, e um helicóptero da Polícia Militar recolheu água de um lago para ajudar o trabalho.
Redemoinho de fogo chega perto de condomínio na zona Sul de Ribeirão Preto (SP)
Adriana Sichieri Germano/Acervo pessoal
Consequências
Segundo a promotora, atear fogo em matas e florestas pode render de dois a quatro anos de prisão ao incendiário, além do pagamento de indenização e multas, que variam de acordo com os danos causados ao meio ambiente e à população.
Por conta do incêndio de sexta-feira, animais de espécies como ouriço-cacheiro, jiboia-do-cerrado e tucano-toco foram resgatados pelo Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio Barreto após ficarem feridos pelas chamas.
Jiboia-do-cerrado teve queimaduras em 90% do corpo após incêndio em vegetação na zona sul de Ribeirão Preto
César Branco/Arquivo pessoal
No sábado, o céu de Ribeirão Preto amanheceu cinza. A Companhia Ambiental do Estado (Cetesb) registrou, nas primeiras horas do dia, uma qualidade do ar classificada como muito ruim.
“Não conseguimos entender o que faz uma pessoa a causar um incêndio como esse, dessa proporção, com severa destruição não só da flora, mas também da fauna, danos gravíssimos à saúde pública. Certamente as pessoas que tem problemas respiratórios sofreram muito nesse final de semana”, disse Cláudia Habib.
Vista do Centro e da zona oeste de Ribeirão Preto antes e depois da cortina de fumaça
Marcelo Fontes/ACidadeOn
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MP busca suspeito de causar incêndio que destruiu área superior a 10 campos de futebol em Ribeirão Preto
