MPF pede suspensão de processo para doar estrutura de ponte férrea histórica em Ribeirão Preto ao Acre


Em agosto, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) autorizou desmontagem para que material seja reutilizado em obras rodoviárias na região Norte. Ponte foi construída na época do Brasil Império e integra projetos turísticos. DNIT quer doar antiga ponte ferroviária sobre o Rio Pardo para o Acre
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e ao governo do Acre a suspensão do processo de doação da histórica ponte férrea sobre o Rio Pardo, entre Ribeirão Preto (SP) e Jardinópolis (SP).
Em agosto, o órgão federal autorizou o desmonte da estrutura para que ela seja reutilizada na construção de pontes rodoviárias no estado da região Norte do país.
Mas o MPF considera que a ponte é parte do patrimônio do nordeste paulista e a retirada dela afeta diretamente projetos turísticos em fase de implementação, como o parque linear em Jardinópolis.
Além disso, um processo municipal de tombamento está em curso pela Prefeitura de Ribeirão Preto.
Procurado, o DNIT não se manifestou até a publicação desta matéria.
Ponte férrea sobre o Rio Pardo, entre Ribeirão Preto (SP) e Jardinópolis (SP)
Carlos Trinca/EPTV
Patrimônio cultural
A ponte de 120 metros é um marco dos tempos áureos da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Ela foi construída ainda no Brasil Império, com o objetivo de desenvolver o território brasileiro e interligar os portos de Santos (SP) e Belém (PA). As locomotivas e os vagões que passaram pelos trilhos transportaram riqueza, principalmente café.
Há dois meses, o DNIT iniciou o processo de transferência de posse, mas um grupo de voluntários ligados ao Instituto do Trem de Ribeirão Preto levou o caso ao MPF.
O instrumento jurídico do órgão recomenda que a ação seja revogada pelo DNIT ou suspensa em caso de já ter sido iniciada.
“Nesse caso, se o MP mantiver a sua convicção no sentido de que a ponte não pode ser retirada, o Ministério Público entra com uma ação na Justiça Federal pedindo que essa remoção seja barrada. A gente precisa contar para as nossas gerações que nós, brasileiros, paulistas, já fomos capazes de construir uma coisa grandiosa como a ferrovia, que era uma coisa monumental na época”, diz o procurador da República, André Menezes.
Ponte férrea sobre o Rio Pardo, entre Ribeirão Preto (SP) e Jardinópolis (SP), transportou riqueza da região até o Porto de Santos
Carlos Trinca/EPTV

Um processo parecido aconteceu em 2018, quando a Maria Fumaça da estação de trem da Avenida Mogiana já estava embarcada para seguir à cidade de Salto (SP), região de Sorocaba. Na época, uma ação comunitária impediu o transporte e ela foi mantida em Ribeirão Preto.
O pesquisador e professor Sérgio Campos Gonçalves diz que a participação popular é decisiva em casos como estes.
“É compreensível que o departamento de trânsito olhe para a ponte como um instrumento de transporte. No entanto, ela conta uma parte da história econômica da nossa região e que fez com que a cidade de Ribeirão Preto se tornasse algo muito especial na economia do país. A explicação de como a nossa vida econômica funciona diz muito respeito a história do ciclo do café nessa região, a linha de ferro da Mogiana e ao transporte por trilhos que levava o café até o Porto de Santos para ser exportado.”
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By Midia ABC

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