Na pandemia, nº de pedidos de seguro-desemprego aumenta 18,5% na região de Piracicaba


De março a julho deste ano, foram 26,5 mil requerimentos, segundo dados do Ministério da Economia. Especialistas sugerem qualificação profissional e criação de ‘biomas econômicos’. Fábrica da Hyundai em Piracicaba, interior de São Paulo: especialista enaltece ‘biomas econômicos’ em meio á crise
Divulgação/Hyundai
O número de solicitações de seguro desemprego na região de Piracicaba (SP) aumentou 18,5% durante a pandemia de coronavírus.
De março a julho deste ano, foram 26,5 mil pedidos nas 18 cidades, enquanto no mesmo período de 2019 foram 22,4 mil.
Os dados são do Ministério da Economia. De acordo com eles, a região teve aumento gradativo no número de solicitações de fevereiro a maio, quando houve o pico de registros: 7,6 mil.
Já em junho e julho, os números começaram a baixar: foram 5,2 mil e 4,4 mil, respectivamente.
A cidade com maior número de solicitações de março a julho é Piracicaba, a mais populosa, que soma 8,3 mil requerimentos. Nela, o mês com maior quantidade de registros foi junho, com 1,7 mil.
Ela é seguida por Limeira, com 6,8 mil. No município, maio concentrou a maior parte das solicitações: 2,1 mil.
Maio também foi o mês com maior número de pessoas pedindo o auxílio governamental em Santa Bárbara d’Oeste: 1 mil. A cidade concentra 3,8 mil registros no semestre.
Solicitações de seguro-desemprego na região de Piracicaba em 2020
Informalidade e qualificação profissional
Economista e professor da área de Gestão do campus de Capivari (SP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP), Igor Vasconcelos Nogueira avalia que a redução no número de pedidos do auxílio em junho e julho representa uma melhoria no mercado de trabalho em relação a maio.
Para ele, a redução é impulsionada pela expectativa da retomada do comércio diante da flexibilização da quarentena.
“Isso depende do fato da região de Piracicaba não retroceder para a fase 2 (laranja) do Plano São Paulo e também sinalizar uma melhoria que possibilite ir para a fase 4 (verde), no qual haverá um aumento médio de 40% para 60% do atendimento ao público antes da pandemia. Além disso, é necessário que haja medidas de estímulos econômicos no país”, explica.
Movimento em área comercial da região central de Piracicaba: retomada econômica está atrelada
Pedro Santana/ EPTV
Para ele, o aumento no número de desempregados impacta no crescimento do número de trabalhadores informais no mercado, o que pode levar à redução do Produto Interno Bruto (PIB) da região, e exigência de mais qualificação dos profissionais para retornarem ao mercado.
“A primeira dificuldade [para recolocação no mercado] está atrelada ao número de concorrentes que o trabalhador irá enfrentar quando houver uma recuperação econômica. […] Muitas vezes [o cenário] exigirá que ele se adapte a uma nova posição no mercado com possível redução salarial”, acrescenta.
Vasconcelos elenca medidas que os gestores públicos devem tomar para estimular a redução do desemprego neste cenário:
Gestores municipais: identificar empresas que podem mais rapidamente auxiliar na recuperação econômica, oferecê-las incentivos fiscais e exigir como contrapartida a geração e manutenção de empregos;
Gestores estaduais: além da mesma iniciativa de incentivo fiscal em troca de geração de emprego, promoção de programas de incentivo para capacitação do trabalhador;
Gestores federais: reforma tributária contundente que promova a simplificação da arrecadação de impostos e, sobretudo, uma redução da carga tributária.
“Os gestores federais, presidente da República e seus ministros, devem assumir o protagonismo no combate ao desemprego do país, articulando de forma conjunta com os estados e municípios ações que promovam a geração de emprego formal, bem como programas de incentivos fiscais, sobretudo por centralizar a estrutura de arrecadação tributária do país”, finaliza.
Secretaria de Trabalho e Renda de Piracicaba: especialista sugerem que gestores municipais incentivem criação de empregos
Carol Giantomaso/G1
Economista incentiva biomas econômicos
Para Bruno Pissinatto, professor de Economia da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), o cenário é de recuperação, já que antes da pandemia o saldo era positivo em relação a contratações e demissões.
“Piracicaba refletiu de certa maneira o cenário nacional. Após março, o número de admitidos diminuiu até atingir o menor valor em maio (1.583). Entretanto, curiosamente, o número de desligamentos também teve queda, mas sempre em números maiores que admissões. Após o período mais agudo, o saldo entre admitidos e desligados se tornou menos alarmante, justificado pela retomada das admissões”, analisa.
Ele observa que a economia brasileira vive um momento delicado que se somou aos efeitos da pandemia.
“Há um componente estrutural associado de mudança, não somente no Brasil, mas global: a indústria 4.0. […] Além da substituição de trabalhadores por tecnologias, as profissões têm no mínimo de passar por revisões e adequações face à nova estrutura de produção, comércio e serviços”, alerta.
Para o economista, a retomada na curva de emprego passa por políticas de renda, para manter e fazer evoluir a economia.
“O desenvolvimento de polos econômicos segundo a vocação de cada região urge para constituição de biomas econômicos regionais, independentes e completos, que se sustentam e resistem mais facilmente à crises. Piracicaba é um exemplo, pois detém, além de indústrias e agronegócio, um conjunto de instituições de amparo e satisfação de demandas locais”, exemplifica.
No entanto, Pissinatto cita dados da Secretaria Municipal do Trabalho e Renda (Semtre) da cidade, que mostram alta participação de desligamentos de trabalhadores com ensino médio completo e incompleto.
“O fato tem relevo, pois, desemprego baixo é alcançado por mudanças estruturais da economia, requerendo melhor atendimento de demandas sociais por educação e qualificação”, finaliza.
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By Midia ABC

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