SÃO PAULO – Diante das dificuldades enfrentadas pelo governo federal na definição de um caminho para a construção do programa Renda Cidadã e das especulações sobre o risco de alternativas fora do teto de gastos, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou, nesta sexta-feira (16), que não está em discussão a prorrogação prorrogação do estado de calamidade pública ou do auxílio emergencial.
Em videoconferência com investidores, organizada pela XP Investimentos, Guedes disse que é “indesculpável” usar a doença para a concessão de novos “estímulos artificiais” à economia.
“É completamente indesculpável usar uma doença em queda para pedir estímulo artificial à economia. Isso é uma fraude. Isso é falso. Isso é ruim. É política ruim. Isso estaria comprometendo futuras gerações por um ato covarde”, disse. O bate-papo foi conduzido em inglês e está disponível no vídeo acima.
“Se você não tem coragem de encarar e pagar pela sua guerra… Você tem que pagar pela guerra. Nós temos uma guerra neste ano. Gastamos 10% do PIB, a relação dívida/PIB disparou, o que temos que fazer no próximo ano? Derrubá-la drasticamente. Vamos acelerar privatizações, vamos honrar o teto de gastos. Vamos manter baixa a taxa de juros”, afirmou.
Durante a conversa, que durou cerca de 1h30, Guedes reconheceu os riscos fiscais percebidos pelos investidores e disse que o governo agirá para ancorar as expectativas.
“Os mercados estão cobrando taxas elevadas no futuro porque eles estão vendo problemas, estão vendo gente querendo romper o teto. Eles estão vendo pessoas com má política dizendo ‘vamos usar a doença como uma doença para fazer políticas populistas’”, observou.
Diante da percepção de maior risco fiscal no horizonte, o mercado tem cobrado um prêmio maior nas taxas de juros de longo prazo. Como resultado, o governo optou por encurtar os vencimentos da dívida. O Tesouro Nacional terá uma fatura de R$ 643 bilhões em dívidas que vencem entre janeiro e abril – mais que o dobro da média dos últimos cinco anos.
Segundo levantamento do jornal O Estado de S.Paulo, em quatro meses, o Tesouro terá de pagar aos investidores o equivalente a 15,4% da dívida interna brasileira. Para isso, o governo terá de se financiar ainda mais e em um contexto de desconfiança com relação à sua capacidade de ajuste nas contas públicas no pós-pandemia.
“Neste momento, eu não diria que há qualquer plano para estender o auxílio emergencial. Isso não é verdade. Não é nossa intenção, não é o que o presidente disse, não é o que o ministro da Economia quer. A doença está reduzindo, e com isso o Brasil está em uma recuperação em V e precisamos assumir responsabilidade sobre nosso Orçamento. Precisamos mostrar que somos responsáveis, fortes e suficientemente resilientes para pagar por nossa guerra em vez de empurrá-la aos nossos filhos no futuro”, reforçou.
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