Cartas foram achadas por uma família dentro de uma casa que será demolida em Sorocaba (SP); neto foi encontrada após buscas pela internet. Cartas foram encontradas em casa no Centro de Sorocaba (SP)
Arquivo Pessoal
A história de amor registrada em cartas dos anos 40 que foram encontradas dentro de uma casa que será demolida em Sorocaba (SP) chegou ao conhecimento dos familiares de Dirce e Adroaldo. Durante uma busca pela internet, o empresário Sérgio Guariglia encontrou a família e fez a entrega dos escritos.
Vinte e dois envelopes, 40 cartas, além de documentos e fotografias foram encontradas por Sérgio e as duas filhas durante a limpeza do imóvel. A família decidiu retirar os objetos que estavam guardados, porque no endereço da casa será construído um prédio.
Sérgio, então, afirma que encontrou o inventário de Adroaldo Itagyba na internet e pelos nomes das filhas, ele conseguiu localizar o sobrinho da Dirce, que mora em Sorocaba, e entrou em contato. No mesmo dia recebeu um retorno e combinou de fazer a entrega das cartas.
Em entrevista ao G1, o sobrinho, Luiz Claudio de Paula, de 60 anos, contou que não sabia que os tios trocavam cartas na época.
“Ela nunca comentou sobre as cartas, não falava muito sobre a vida pessoal. Acho que ela levava com ela todos esses documentos, com medo que alguém pegasse”, relata.
Segundo Luiz Claudio, Adroaldo e Dirce se casaram e tiveram duas filhas, Rosete e Arlete. Ele não se recorda ao certo, mas depois de muitos anos de casados, Dirce e Adroaldo se divorciaram.
“A dona Dirce ficou morando sozinha. Ela começou a viajar, ficava em Sorocaba, passava 15 dias na casa de um parente ou de uma amiga, e passou um tempo também na minha casa”, conta Luiz Claudio.
Adroaldo declarava amor, saudade, ciúme e contava sobre a rotina nas cartas
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Mistério desvendado
O mistério de como as cartas foram parar na casa da mãe de Sérgio foi desvendado por Luiz, por meio de uma dedução. Ele era dono da atual casa do irmão de Sérgio, que foi comprada em 2004. No fundo da casa, havia um quarto com pastas, máquina de escrever e objetos antigos.
Na época, o irmão de Sérgio entrou em contato com a filha dele, para que ele fosse buscar as coisas que foram deixadas, mas isso não aconteceu. O irmão de Sérgio levou as caixas para a casa da mãe, que será demolida.
Cartas estavam dentro de um envelope há mais de 15 anos
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Assim que Luiz soube das cartas e fotos que Dirce guardava, ele comunicou a neta. Luana Carolina Itagyba De Maria mora em Santos (SP), com a mãe Rosete.
Luana ainda não leu as cartas, mas se emocionou assim que soube que existiam esses registros. De acordo com a neta, Dirce morreu em janeiro do ano passado e Adroaldo morreu em 17 de março de 2010, um dia antes do aniversário dela.
“Eu fiquei muito emocionada de saber que eles se amavam tanto e fiquei curiosa. Minha avó andava com coisas nossas. Em cada lugar que ela ia, queria levar um pedacinho da família junto dela.”
Dirce e Adroaldo nasceram no mesmo ano, em 1926. Para Luana, nessa época era comum os casais se apaixonarem e casarem. “Minha avó não falava coisas ruins, só lembrava das coisas boas. Minha mãe tinha uns 20 anos quando eles se separaram.”
Adroaldo mandava cartas com frequência e declarava amor por Dirce
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Segundo a neta, o casal nasceu em Avaré (SP), mas durante a juventude, Adroaldo se mudou para São Paulo e começou a trabalhar como ‘guarda-livros’ que, segundo Luana, é a profissão de contador atualmente. Já Dirce trabalhava como costureira.
O casamento entre Dirce e Adroaldo foi em 27 de março de 1948 e a separação ocorreu em 1974. Depois disso, a tia passou a morar em Santos (SP).
“Deve ter sido de um amor muito forte. Tem muita distância física entre eles e enquanto foram casados, eles foram felizes. É a imagem que eu tenho é essa. Eu fiquei feliz em saber que existia um amor tão grande e até triste por se separarem.”
Casamento de Dirce e Adroaldo foi divulgado no jornal da época
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O motivo da separação permanece desconhecido pela família. O sobrinho Luiz Claudio afirma que pretende ir pessoalmente entregar as cartas para a família, quando for possível. Por enquanto, as fotos enviadas pelo celular estão suprindo a curiosidade.
“Estou muito ansiosa para ler e minha mãe ficou surpresa. Até a ortografia era diferente. Se minha avó guardou as cartas durante tanto tempo, ela o amou até o fim.”
Dirce de Paula guardava fotografias dela, da família e amigos
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