Em 20 dias, foram 130 focos de incêndio contra 65 no mês inteiro em 2019. Cetesb investiga as causas das chamas que atingiram ao menos três cidades da região na quarta-feira (19). Queimada em canavial no Anel Viário Norte em Ribeirão Preto, SP
Marcelo Moraes/EPTV
O número de queimadas em Ribeirão Preto (SP) dobrou na comparação de agosto deste ano com agosto do ano passado.
Em 2019, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 65 focos de incêndio. Em 2020, restando 11 dias para o fim do mês, a quantidade passou para 130.
Na análise dos dados absolutos, o município já teve 253 registros contra 156 do ano passado. Um aumento de 62,17%.
Há 72 dias sem chuvas e com temperaturas acima de 30ºC em pleno inverno, a umidade relativa do ar segue com índices preocupantes, segundo a Somar Meteorologia, variando entre 20% e 35%.
Responsáveis por incêndios criminosos podem ser multados, diz Cetesb
Investigação
Esse cenário contribui para o surgimento de focos de incêndio em plantações de cana-de-açúcar no município e na região, como os que aconteceram na quarta-feira (19) em ao menos três cidades.
A fumaça das chamas nos canaviais causou interdições em rodovias Ribeirão Preto, Sales Oliveira (SP) e Brodowski (SP), e prejudicou a visibilidade dos motoristas.
Técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) monitoram o surgimento de novas queimadas e avaliam os danos ambientais que podem ser causados.
Trecho da Rodovia Anhanguera é interditado em Sales Oliveira (SP) por conta de incêndio
Maicon Rocholi
Segundo o gerente ambienta da Cetesb, Otávio Okano, a companhia também quer saber a origem do fogo e quem são os responsáveis pelo surgimento dos incêndios.
“Outra coisa que a gente analisa é a extensão da área queimada. Por meio disso, dá para verificar se aquela empresa vai ter capacidade de moagem para moer a cana em até 48 horas para não perder o rendimento”, explica.
Até o momento ninguém foi multado e os relatórios técnicos das vistorias estão em fase de conclusão.
Queimadas prejudicam a qualidade do ar nas cidades da região de Ribeirão Preto, SP
Medição prejudicada
De acordo com Okano, a estação que mede a qualidade do ar em Ribeirão Preto está inativa desde março, quando ladrões furtaram a fiação elétrica que possibilita o funcionamento do equipamento no Parque Maurílio Biagi.
Por conta disso, ainda não é possível avaliar o quão prejudicial foram as fumaças das queimadas de quarta-feira para a saúde dos moradores.
A situação não tem data prevista para ser normalizada já que, há dois dias, suspeitos voltaram a levar a fiação do local. “Nós já pedimos o orçamento, mas o último roubo foi recente. Roubaram os cabos do poste até a estação”, afirma Okano.
Equipamento que mede a qualidade do ar em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
De acordo com Maria Lúcia de Arruda, professora de química da USP, foi possível coletar dois tipos de materiais após as queimadas de quarta-feira.
Um é avermelhado, mais grosso, que, segundo ela, fica retido nas vias aéreas a cada respiração. O outro é preto, mais fino, e ao ser inalado entra no organismo. É a chamada fuligem e pode causar ser mais danos à saúde.
“O matéria fino é o que tem a maior concentração de compostos potencialmente cancerígenos. E nós medimos um fator, que a Organização Mundial da Saúde nos dá para calcular o risco de câncer e o valor nosso, nesse ano, é quatro vezes maior do que o recomendado”, explica.
Pesquisadores da USP coletam fuligem após queimadas em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução / EPTV
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