Substância foi o que possivelmente causou a explosão na região portuária de Beirute, no Líbano, causando devastação e deixando mortos e feridos. Nitrato de amônio: Produto é matéria-prima de fertilizantes e tem potencial explosivo
Abisolo/Divulgação
Cerca de 800 toneladas de nitrato de amônio — matéria-prima principal utilizada na produção de explosivos e fertilizantes — sumiram do Porto de Santos, no litoral de São Paulo, em 2001. A substância foi o que possivelmente causou a explosão na região portuária de Beirute, capital do Líbano, deixando dezenas de mortos e milhares de feridos.
O sumiço do nitrato de amônio, à época, ocorreu durante descarga do cargueiro maltês St. Thomas, que descarregava 21 mil toneladas do produto. Segundo informações publicadas em 2002 pelo Jornal A Tribuna, o navio, então representado pela operadora portuária e agência marítima Rodrimar, atracou no ponto 4 do cais do Saboó, entre os dias 13 e 22 de novembro de 2001.
Pelo fato de o material ser utilizado na produção de explosivos, a carga era controlada pelo Exército. Os riscos do armazenamento incorreto desse material são conhecidos, de acordo com especialista ouvido pelo G1. O produto já foi responsável por tragédias na França, China e nos EUA, que também deixaram mortos e feridos.
Conforme levantado pelo G1, na época, desapareceram 794 toneladas e 380 quilos de nitrato de amônio. Segundo explicado pelo Jornal A Tribuna naquele ano, a quantidade seria suficiente para lotar cerca de 40 caminhões.
Reuters sobre explosão no Líbano: Investigações iniciais apontam negligência
O sumiço do produto foi notado no fim da operação da embarcação em Santos, quando foi feita a arqueação, que apontou a falta de grande quantidade da substância que seria descarregada na cidade.
Em reportagem exibida no dia 14 de agosto de 2002 pela TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, foi relatado que as investigações ainda corriam lentamente, mesmo após nove meses do desaparecimento do produto. Apesar disso, foram implantadas medidas de segurança desde maio daquele ano, quando o nitrato de amônio passou a apenas ser movimentado no Terminal de Fertilizantes (Tefer) do Porto de Santos.
O G1 tentou contato com o Ministério Público Federal (MPF) para saber se o caso foi solucionado, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
O G1 não localizou o responsável pela empresa Rodrimar até a última atualização desta reportagem.
Porto de Santos
O nitrato de amônio também está presente em grandes quantidades em armazéns no Porto de Santos, o maior da América Latina, o que chamou a atenção de especialistas. Para o engenheiro químico e secretário de Meio Ambiente da cidade, Márcio Gonçalves Paulo, a combinação de produtos químicos possivelmente resultou na explosão no Líbano, e isso pode ocorrer em Santos.
Segundo ele, o cais santista tem um grande volume armazenado de nitrato de amônia. Um possível acidente, semelhante ao ocorrido em Beirute, poderia provocar impactos significativos para o Porto e para a cidade de Santos. Ele defende que sejam preparados armazéns mais específicos para esses produtos e que eles estejam afastados das grandes cidades, o que não ocorre no complexo.
Fertilizantes no Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), da VLI, no Porto de Santos, SP
José Claudio Pimentel/G1
Oitocentas toneladas de nitrato de amônio sumiram do Porto de Santos em 2001
