Governo do estado disse que o Ministério da Saúde é o responsável por enviar os medicamentos, e que remédios devem chegar na próxima semana. Pacientes crônicos não conseguem medicamentos de alto custo nas farmácias da capital
Pacientes que usam remédios de alto custo relatam dificuldades para encontrar os medicamentos nas farmácias da cidade de São Paulo durante a pandemia do coronavírus. Algumas injeções passam de R$ 900 reais e há tratamentos que chegam a R$ 44 mil.
O fornecimento gratuito desses medicamentos está previsto pelo Programa de Medicamentos Excepcionais, criado em 1993, e que segue as diretrizes do SUS, de acesso universal à saúde. Na capital paulista, contudo, os paciente reclamam que tem sido frequente a falta desses remédios de alto custo no sistema.
Faz dez anos que a imunoglobulina humana mudou a vida do Johny, de 15 anos, que luta contra uma doença rara, que dificulta a produção de anticorpos no organismo. O jovem precisa de seis frascos por mês, sendo cada um R$ 1.200 mil.
A rede pública deveria garantir gratuitamente o tratamento, mas o medicamento está em falta. O adolescente está há mais de um mês sem a medicação e já sente os problemas, como dor no peito.
“Eu fico tão desesperada em falar porque o Johny era internado todo mês antes de acharmos esta medicação. Todo mês ele ficava internado. Todo mês. Depois que ele começou a fazer o tratamento, ele não ficou mais internado. Então, lembrar que ele pode voltar a ficar internado é desesperador”, disse Elionete Dourado Gomes, mãe do garoto.
Daiana Souza está em busca da leuprorrelina, um remédio usado para tratar a puberdade precoce da filha dela, de oito anos. São três injeções, a cada três meses. Cada frasco custa em torno de R$ 900 reais. A primeira dose foi em maio e a segunda seria em agosto, mas o agendamento foi cancelado.
“Agendei, estava tudo certo, mas, quando meu esposo foi buscar, não tinha. Ninguém nos avisou, ninguém ligou. Ela precisava tomar a medicação no dia 25 de agosto, e até agora nada”, disse Daiana Souza.
A leuprorrelina está na lista de medicamentos distribuídos de graça pelo SUS, assim como a imunoglobulina humana. Sem os remédios, o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) orienta os pacientes a procurar os médicos, o quanto antes.
“A pandemia pode ter afetado, principalmente, a aquisição de matéria prima para a fabricação desses medicamentos, e depois a distribuição”, disse Rodrigo Lancelote, conselheiro do Cremesp. “A indicação é para que procurem rapidamente, o mais breve possível, o médico, para que ele possa fazer uma reavaliação e verifique a possibilidade de uma substituição desses medicamentos”, continuou.
Em nota, o governo do estado disse que o Ministério da Saúde é o responsável por enviar para São Paulo a imunoglobulina humana, e tem a informação de que a pasta vai começar a enviar mais de 5 mil frascos nesta semana.
Já a leuprorrelina está em distribuição nas farmácias, segundo gestão João Doria (PSDB), e na terça-feira (22) deve começar a estar disponível nas unidades onde está em falta.
Pacientes relatam falta de remédios em farmácias de alto custo de SP durante a pandemia do coronavírus
