Projeto ‘Árvore da Vida’ simboliza ligação entre mãe e filho durante o período de gestação. Placenta é usada como carimbo para fazer ‘árvore da vida’
Divulgação/Prefeitura de Bertioga
Além de envolver o bebê durante os nove meses de gestação, a placenta vira um ‘carimbo’ nas mãos das enfermeiras de um hospital de Bertioga, no litoral de São Paulo. O material humano é recolhido logo após o parto e usado, juntamente com tinta guache e papel, para fazer uma arte, intitulada de ‘árvore da vida’. O desenho é entregue para a mãe recém-parida como forma de simbolizar a ligação entre ela e o filho.
O nascimento do pequeno Christian, no dia 18 de julho, se tornou ainda mais especial para Verônica da Conceição Santos, de 36 anos, uma das mães que receberam a arte após darem à luz. “O desenho representa o início de tudo do meu milagre da vida”, afirma. Para ela, foi uma forma linda e humana de registrar o momento.
O projeto leva o mesmo nome dos desenhos entregues às mães. A placenta, ao virar carimbo, imprime uma estampa que faz alusão ao formato de uma árvore, com seus galhos e ramificações. A ação foi sugerida pela enfermeira obstetra Márcia Affonso, que trabalha no Hospital Municipal de Bertioga. Em entrevista ao G1, ela relatou que a ideia surgiu após uma amiga e profissional da área mostrar um programa bem parecido, que havia sido implantado em uma unidade de saúde do Rio Grande do Norte.
Verônica ficou surpresa com a entrega da ‘árvore da vida’
Arquivo Pessoal/Verônica Santos
“Ela me enviou e eu fiquei muito empolgada, pois vi que seria uma forma de mostrar para as mamães a importância do período gestacional. Estava procurando algo para mostrar às gestantes, de forma concreta e marcante, o que é, na real, uma gestação. A vida uterina tem suas magias. O principal é a casa, mas qual casa? A primeira casa do bebê [placenta]”, conta.
Como Márcia explica, nessa primeira casa, a criança recebe tudo o que precisa para um crescimento saudável: ar, alimentação, nutrientes e energia. “A placenta é um símbolo mega importante, faz tudo acontecer por meio de códigos e estruturas de toda a formação genética dos pais. É um órgão importantíssimo”, afirma.
O projeto foi proposto e implantado na unidade no mês de julho. Todas as gestantes recebem a ‘árvore da vida’, carimbada com a própria placenta e que representa o nascimento do seu bebê. O processo é feito logo após o parto, quando o órgão é recolhido e fica em processo de secagem por algumas horas. Depois disso, a equipe pinta com tinta guache e ‘carimba’ o papel.
Nele, são anotadas informações a respeito do parto, como tempo de gestação, data em que o parto ocorreu, nomes dos pais, nomes da equipe que participou do nascimento, além do peso, tamanho, nome do bebê e frases tocantes. Com a finalização, a arte segue para secagem e é entregue no mesmo dia para a mãe.
“Elas acolheram a ideia e a recepção foi super positiva, uma lembrança para toda a vida. Trabalhamos com mães, na maioria das vezes, simples e sem muitas condições, mas todas querem fazer um quadro para colocar no quartinho do bebê, para mostrar de onde eles saíram”, relata Márcia.
Para a jovem Caroline Gomes de Lima Ribeiro, de 21 anos, o desenho trouxe a oportunidade de o companheiro fazer parte do parto de alguma maneira, mesmo não podendo acompanhá-la, devido à pandemia do novo coronavírus. “É um momento bem importante. Nesse momento de pandemia, meu esposo não pode estar junto comigo na hora do parto, e isso serviu para ele também se sentir presente nesse momento. Ter esse carinho de todos tornou tudo mais especial”, finaliza.
Caroline encontrou no desenho uma maneira do marido se sentir presente no nascimento do filho Luiz Eduardo
Arquivo Pessoal/Caroline Gomes