Promotor pede arquivamento de acusações contra funcionário de mercado por injúria racial

Ministério Público também pediu o arquivamento da acusação de constrangimento ilegal. Produtora cultural registrou boletim de ocorrência afirmando ter sido enforcada por funcionário de supermercado de Araçatuba (SP). Câmera de segurança flagrou funcionário enforcando mulher em Araçatuba
Reprodução/TV TEM
O promotor de Justiça responsável pelo caso da produtora cultural Flávia Nascimento dos Santos, que registrou boletim de ocorrência alegando ter sido enforcada e expulsa por um funcionário de um supermercado, em Araçatuba (SP), pediu o arquivamento das acusações de injúria racial e constrangimento ilegal.
De acordo com o registro policial, a jovem negra alegou que fazia compras no estabelecimento quando começou a ser seguida por um funcionário e questionou sobre o motivo. Logo depois, chegou outro funcionário e houve uma discussão entre os três.
Câmeras de segurança do supermercado registraram a confusão. Nas imagens, é possível ver que Flávia se aproxima de um carrinho de compras e joga os produtos no chão. Em seguida, um funcionário a segura pelo pescoço (veja abaixo).
De acordo com o Ministério Público, o pedido de arquivamento das acusações de injúria racial e constrangimento ilegal foi feito depois da análise de depoimentos de testemunhas e dos envolvidos.
Contudo, a Justiça ainda analisa a possível contravenção penal cometida pelo funcionário que aparece nas imagens colocando a mão no pescoço da jovem. A lei prevê prisão de 15 dias a três meses, ou multa.
Câmera registra momento em que produtora é enforcada em supermercado
Se o homem for condenado, a Justiça ainda pode optar pela prestação de serviços à comunidade ou pelo pagamento de cestas básicas para entidades sociais.
A assessoria do supermercado informou que só se manifestará depois de uma decisão da Justiça. A defesa da jovem disse que vai pedir à Justiça que as denúncias de constrangimento ilegal e injúria racial não sejam arquivadas.
Fragilizada
Na época em que o caso foi registrado, a produtora cultural afirmou ao G1 que se sentiu fragilizada e impotente diante da situação.
“Como ativista negra, eu identifiquei o acontecimento como ato racista. Parece que não posso estar em um supermercado onde a maioria é branca e fazer minhas compras por causa da minha cor de pele. Fariam isso comigo se fosse branca?”, questionou.
Flávia também publicou vídeos nas redes sociais depois de sair do supermercado. O caso ganhou repercussão e manifestantes chegaram a fazer um protesto pedindo o fim do racismo.
Produtora musical gravou vídeo sobre os fatos ocorridos em supermercado de Araçatuba
Reprodução/Redes Sociais
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