Conclusão é de estudo da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Muito além do home office, empresas têm buscado outras soluções para se adaptar à novas necessidades. Alguns impactos nas empresas da região permanecerão após a pandemia, segundo a ABRH
Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas
Os desafios impostos pela pandemia da Covid-19 colocaram empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) à prova. Um estudo da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) aponta que 63% das instituições tiveram impacto financeiro de médio a alto. E, muito além da adoção do home office, as companhias também têm investido na saúde mental dos colaboradores.
A pesquisa ouviu 60 empresas, maioria de médio e grande porte, durante o mês de agosto e até a primeira semana de setembro. Apenas 11,1% afirmaram não ter tido impacto nas contas. Veja o comportamento das companhias no gráfico abaixo:
Presidente da ABRH na regional de Campinas, Fabiola Lencastre afirma que as companhias se reinventaram, e o home office não só foi uma saída segura como também deve permanecer em ao menos metade das empresas da região. No entanto a maioria não evitou os impactos financeiros e, consequentemente, a elevação nas taxas de desemprego.
As incertezas sobre o futuro da economia farão com que a recuperação das vagas ocorra a partir do fim de 2021, acredita a especialista no setor.
“Pelo menos dois anos de queda crescente de postos de emprego na nossa região. Essa estimativa também se dá por um sentimento de especulação política dentro do tema, que ainda não tem definições, atrelada a questões econômicas também. Então, ainda não se vê uma orientação média no resgate.”
Como alento à situação, a ABRH acredita que a diversidade de negócios encontrada na região pode ser um diferencial para uma retomada mais rápida.
“Um ajuda o outro nesse resgate, já que existem algumas áreas que permanecem bastante aquecidas, como a área de prestação de serviços e de soluções de informática, sendo a RMC uma grande fornecedora e provedora nesse aspecto, enquanto outras se mantêm lentamente retomando o aquecimento”, explica Fabiola.
Setores de pequenos, médios e grandes varejos e o setor automotivo foram alguns dos mais prejudicados pela pandemia, segundo dados da Associação. Por outro lado, os segmentos logísticos, de construção civil, de colchões, sofás, de eletrodomésticos e de entregas tiveram incrementos no faturamento.
Impactos psicológicos
Outro dado apontado pelo levantamento envolve os sentimentos dos trabalhadores durante o período de enfrentamento da doença. Em 70% das corporações, o que prevaleceu foi a preocupação. Já o medo diante das incertezas impactou 24,4% das instituições.
A partir disso, os comitês de crises das empresas, criados para analisar medidas preventivas para o negócio e para o bem-estar dos colaboradores, acionaram profissionais para cuidar da saúde mental dos empregados. O objetivo é promover um cenário de mais segurança.
“Essa foi uma contingência, um sentimento, um comportamento inaugurado de forma desprevenida. Então, a preocupação hoje é algo que acompanha os nossos colaboradores, e, com um plano de contenção desse sentimento, as empresas têm adotado parcerias com entidades psicológicas e psiquiatras, para gerar um maior conforto psicológico e mental para eles”.
Home office veio pra ficar
A adoção do trabalho remoto para os colaboradores, o chamado home office, é uma das mudanças implementadas pelas companhias como contenção que devem se tornar realidade após a pandemia, pelo menos para metade das empresas.
“A gente acredita que esse número possa ainda crescer, já que se comprovou a eficiência no trabalho home office. […] As entregas foram eficientes, e nós tivemos uma oportunidade de uma economia de orientação altíssima durante a pandemia”, ressaltou Fabiola.
Os setores de suporte, administrativos e de venda “certamente manterão uma orientação híbrida”, com pelo menos parte da jornada de trabalho sendo feita remotamente, enquanto as indústrias devem retomar às atividades presenciais, segundo a especialista.
Apesar do saldo positivo, trabalhar longe do ambiente corporativo também trouxe alguns pontos negativos, como a falta de interação entre gestores, colaboradores e clientes, algo que a presidente da ABRH acredita ser algo reversível.
“A vacina, sim, trará uma nova segurança, uma segurança para os convívios, para as relações mais próximas, para as reuniões de time, para a aproximação com os clientes, o que também será um ganho, já que, quando nós perdemos a oportunidade da troca relacional no trabalho, nós perdemos a oportunidade de crescimento e desenvolvimento em competências comportamentais”.
Desde o início da pandemia, a região de Campinas já contabilizou mais de 73 mil casos positivos do novo coronavírus e cerca de 2,4 mil mortes.
*Sob a supervisão de Patrícia Teixeira
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G1
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