Secretário de Saúde de Santos admite que testes de Covid-19 são menos confiáveis após troca de fornecedor


Questão foi levantada após 42% dos funcionários testados na Câmara Municipal apresentarem resultado positivo para a doença. Secretário de Saúde de Santos admite que testes de Covid-19 são menos confiáveis após troca de fornecedor
Divulgação
Durante uma transmissão nas redes sociais que discutia o tema ‘saúde’, o secretário de Saúde de Santos, no litoral de São Paulo, admitiu a ocorrência de resultados errados nos testes rápidos para detecção da Covid-19 feitos pela prefeitura. A inconsistência nos exames teria aumentado após troca de fornecedor.
A declaração ocorreu após o secretário Fábio Ferraz ser questionado, em uma live realizada pelo Grupo Tribuna, acerca do alto índice de testes positivados para Covid-19 na Câmara Municipal, em testagem realizada nesta terça-feira (4). Dos 329 funcionários que realizaram o exame, 140 testaram positivo, entre eles três vereadores.
A marca dos testes rápidos utilizados pela prefeitura em testagens em massa, durante blitz e outras ações de saúde pública, foi trocada no fim de junho. A marca anterior, que tivera parte das unidades cedida pelo Ministério da Saúde, tinha um número expressivo de falsos negativos, mas raros casos de falsos positivos, de acordo com o secretário.
Agora, com esta nova marca, o secretário assume que há um percentual expressivo de falso negativo e de falso positivo nos resultados dos testes rápidos oferecidos pela administração municipal. “Alguns dados recentes nos chamaram a atenção”, afirma.
“Vamos seguir monitorando e acompanhando, tentando buscar uma evolução na aquisição desses testes”, disse o secretário de Saúde Fábio Ferraz durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Fábio Ferraz, Secretário de Saúde de Santos, SP
Mariane Rossi/G1
Nova marca
Segundo apurado pelo G1 junto à Prefeitura de Santos, desde o fim de abril, a administração municipal utilizava o teste One Step Covid 2019, do fabricante Wondfo. O secretário de Saúde chegou a afirmar que este modelo foi indicado pelo Ministério da Saúde, e detecta tanto a presença de anticorpos do tipo IgM, da fase aguda da doença, quanto IgG, da fase de cura, mas não indica qual a pessoa testada tem.
Os novos testes, que estão sendo usados atualmente, chegaram no fim de junho ao município. Eles são do modelo Leccurate, da Lepu Medical Technology, e são capazes de apontar se a pessoa está com anticorpos IgG ou IgM, indicando assim se a pessoa já teve contato com o vírus antes e está na fase de cura (IgG) ou se está produzindo anticorpos para combater o vírus no organismo, estando doente no momento e podendo transmiti-lo (IgM).
O teste Leccurate – Lepu tem sensibilidade para diagnóstico positivo com probabilidade de 98,9%, e especificidade para diagnóstico negativo com probabilidade de 97,6%. Estes percentuais constam na bula do teste e foram obtidos após testes de anticorpos Sars-CoV- 2 comparados com o método de ácido nucleico (PCR), usando amostras coletadas clinicamente.
As unidades do modelo One Step, adquiridos no início de junho, custaram R$ 98,50 cada, enquanto o Leccurate, comprado no fim de junho, custa R$ 63 cada. A prefeitura ressalta que os preços dos testes vêm diminuindo gradativamente desde o início da pandemia, devido à maior oferta do item no mercado.
Ambos os testes possuem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, diversos fatores podem influenciar nos resultados, tais como a sensibilidade e especificidade do teste e a condição do paciente.
A Prefeitura de Santos, por meio de nota enviada à reportagem, afirma que o uso destes testes será reavaliado de acordo com os índices de resultados falsos. “Se houver índice de falsos positivos superior ao indicado pelo fabricante do teste, o município poderá suspender novas compras deste modelo”, diz a nota.
Além disso, somente resultados indicados pelos exames RT-PCR integram as estatísticas oficiais.

By Midia ABC

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