Nesta segunda, Doria afirmou que vacina pode ser liberada em janeiro de 2021 caso seja comprovada a eficácia na última fase de testes. Foto ilustrativa de seringa com vacina contra o coronavírus
Andre Melo Andrade/Estadão Conteúdo
O governo de São Paulo anunciou nesta terça-feira (28) que mais quatro centros de pesquisa iniciarão ainda nesta semana a aplicação de doses em voluntários da vacina chinesa contra o coronavírus desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan. A terceira fase de testes da Coronavac começou na semana passada no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Ao todo, 12 centros de pesquisa no país participarão do estudo com 9 mil voluntários, que são profissionais da saúde que atuam diretamente com pacientes da Covid-19.
“A partir do dia 30 (quinta-feira) iniciaremos quatro centros, totalizando cinco centros de testagem para a vacina licenciada pelo Butantan. A partir agora do dia 30, o hospital Emílio Ribas [em São Paulo] e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. A partir do dia 31 (sexta-feira) a Universidade Municipal de São Caetano do Sul e a Universidade Federal de Minas Gerais”, afirmou o secretário estadual da Saúde Jean Gorinchteyn.
O início da aplicação das vacinas em voluntários nos outros sete centros que compõem a rede deve ser anunciado na próxima semana, segundo o governo.
Segundo o secretário, o site para inscrição de voluntários teve mais de 1 milhão de acessos até o momento. “Importante lembrar que são 9 mil voluntários. Nós tivemos acessando o site do Instituto Butantan mais de 1 milhão de candidatos, mas infelizmente nós só podemos acatar a solicitação de 9 mil deles.”
Mais quatro centros iniciarão testes com vacina chinesa em voluntários nesta semana
Vacina em janeiro
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou que a vacina chinesa contra o coronavírus pode estar disponível para a população em janeiro do ano que vem, se a última fase de testes dê certo.
A afirmação foi feita em entrevista à Rádio Itatiaia na manhã desta segunda-feira (27). À tarde, questionado sobre a declaração, Doria disse que, com o avanço dos testes, “poderemos iniciar a produção da vacina em dezembro e imediatamente na sequência iniciar a vacinação”, caso não haja nenhuma intercorrência no processo.
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Toda vacina precisa passar por etapas importantes de estudo até ser aprovada para uso. Após a fase pré-clinica, com testes em animais, há 3 fases de testes em humanos. Os testes precisam comprovar que a vacina é segura, que produz anticorpos e que é capaz de proteger contra o vírus. O Instituto Butantan, de São Paulo, tem um acordo de cooperação com o laboratório chinês Sinovac, que produz a vacina, para conduzir os testes em 12 centros no Brasil.
“A quantidade necessária para iniciar a imunização da população brasileira, pode ser aplicada já no início de janeiro com o SUS, com aplicação gratuita em toda população. A melhor notícia que poderíamos ter é a vacina”, disse o governador em entrevista concedida à Rádio Itatiaia.
Questionado sobre a declaração que deu à rádio, Doria disse que a vacina poderia ser produzida em dezembro e distribuída no SUS logo depois.
“Em relação à vacina, quando falamos isso [da previsão de vacinação até o fim do primeiro semestre de 2021] era o final do mês de maio. Depois disso, as informações foram sucedendo positivamente, aumentando, portanto, a convicção de que já ao final deste ano, não havendo nenhuma intercorrência na terceira fase de testes da Coronavac, vacina que já começou a ser testada desde a semana passada”, disse Doria.
“Nessas circunstâncias, como disse Dimas Covas, nós já poderemos iniciar a produção da vacina em dezembro e imediatamente na sequência iniciar a vacinação, com o SUS, de milhões de brasileiros, não apenas em São Paulo como também em outros estados. São informações positivas advindas da velocidade e dos trâmites que a vacina vem tendo em sua testagem”, completou o governador.
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Na última terça (21), quando a primeira voluntária participou dos testes da vacina chinesa, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, disse que, se os testes forem bem-sucedidos, a previsão é a de que até o final do ano o estudo clínico e a fase de registro da vacina na Anvisa sejam concluídos.
“Essa expectativa é baseada no cronograma previsto do estudo clínico e da fase de registro na Anvisa. Então, dentro dessa previsão esperamos que até o final desse ano tenhamos esse registro e a partir daí essa vacina seja oferecida ao Brasil em primeiro lugar, ao SUS do Brasil, porque é um programa nacional de imunização e também a outros países”, disse Dimas na ocasião.
Secretário prevê vacina ainda em 2020
O novo secretário de saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn disse na última quarta-feira (22) que a vacina chinesa contra o coronavírus pode ser liberada emergencialmente no fim deste ano, caso os testes com os voluntários sejam bem sucedidos. Gorinchteyn assumiu a pasta na terça-feira (21) no lugar de José Henrique Germann.
“Quando vivemos uma situação que nós chamamos pandêmica, que é uma epidemia em todos os continentes do mundo, nós passamos a ter uma necessidade emergencial da disponibilização de vacinas”, disse ele.
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O secretário citou a alta de casos nos municípios de todo o país. “Nós ainda não controlamos a epidemia em nosso meio. Dessa maneira, ter uma vacina é fundamental. Baseado nisso, se nos próximos 3 meses esse nível de anticorpos for elevado, e mais do que isso, mantiverem-se estabilizados, muito possivelmente os órgãos regulatórios como, por exemplo, a Anvisa, vai liberar de forma emergencial, e dessa forma, o primeiro grupo de pacientes já passaria a receber essa vacina. Talvez em dezembro mesmo ou possivelmente já a partir de janeiro. Todas essas prospecções vão depender desse teste”, afirmou.
Ao todo, 9 mil profissionais da saúde devem participar dos testes nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília, esta é a terceira fase da vacina. Os voluntários serão acompanhados por uma equipe científica durante três meses. Após a aplicação da primeira dose, os voluntários receberão uma segunda dose da vacina 14 dias depois.
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