O governo do estado adiou de setembro para outubro a nova data de retomada das aulas presenciais. Escolas e pais do Alto Tietê discutem retorno das aulas presenciais
O governo do estado adiou de setembro para outubro a possibilidade das escolas retomarem as atividades em sala de aula. Enquanto isso, a comunidade escolar discute o assunto para chegar a uma decisão.
Desde que a pandemia começou e o ensino passou a ser remoto, a Dulcineia Costa, como outros professores, precisou se adaptar. Ela dá aula para o terceiro ano do ensino fundamental na rede municipal de Itaquaquecetuba. Mesmo com saudade da sala de aula, ela ainda fica insegura de voltar à escola em outubro.
“Se nós formos pensar na profissão, sala de aula, estar com os alunos e na facilidade, claro que a gente prefere estar em sala de aula. Mas se for pensar na segurança, na questão da qualidade, da saúde, eu não me sinto preparada para voltar agora”, diz.
Para a professora será um desafio as crianças obedecerem ao distanciamento social. Ela diz que elas gostam de andar de braços dados, abraçadas. “É uma cultura que já vem com eles, que gostam de andar em grupos. Como a gente vai dizer a eles para manter um metro de distância do amigo. Sem contar a questão da máscara. Às vezes a gente faz uma apresentação com máscara só de decoração e eles não conseguem ficar. Imagina quatro horas com a máscara. Tem ainda a questão da higienização da sala de aula, banheiro, pátio”, pontua.
Para saber a opinião dos pais da região tem sido realizadas consultas públicas. Em 10 das 11 cidades que fazem parte do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) já foram essas pesquisas ou estão terminando. Mas já foi revelado que 90% dos pais são contrários à volta das aulas na região.
A Lidiane Silva dos Santos faz parte deste grupo. Moradora de Poá e mãe de duas crianças, ela acha que ainda não é momento de expor os filhos.
“Se não for obrigatório, eu não enviarei os meus filhos, principalmente a Lívia que está na creche e não tem obrigação de ir. O Rafael está no segundo ano, se for obrigatório, eu estarei conversando com a secretaria. A gente ainda não recebeu nenhuma informação, nem da escola e nem da Secretaria de Educação. Apenas respondemos um questionário via whatsapp se a gente concorda e mandaria as crianças no retorno às aulas. Eu, particularmente, não vou enviar os meus filhos enquanto não existir uma vacina”, garante.
Mesmo com os cuidados para retomada presencial do ensino regular, ela diz que a saúde da família está em primeiro lugar.
“Eu acho que criança não tem o mesmo cuidado se não tiver alguém a auxiliando o tempo todo. Em relação à higiene pessoal. Principalmente ao isolamento. Não tem como falar para ela ficar distante, não pegar as coisas umas das outras”, detalha a mãe.
A direção de um colégio particular em Mogi das Cruzes também tem ouvido os pais. Por lá, a maioria não quer que o filho retorne para as aulas presenciais.
A diretora Loreany Moreira Gomes diz que o resultado foi de quase 80% para continuar com as aulas remotas. “Alguns estão bem inseguros, eles acreditam que não tem a necessidade de colocar os filhos e as famílias neste risco. Outros dizem que já passaram por um período de adaptação das aulas remotas, e se agora está dando tudo bem, por que não continuar”, diz.
Caso a volta às aulas presenciais ocorra em outubro, é preciso começar a adaptação. Por isso, termômetros já foram comprados e outras medidas de segurança estão sendo tomadas.
“Além de todos os estudos dos protocolos, treinamentos que nós fizemos, montamos um grupo dos professores, coordenação e a parte administrativa do colégio. Este grupo se reúne toda semana on-line para discutir este protocolo. Cada um vai pensar no seu setor, o que precisa, o que tem de adquirir, mudar. Depois disso, temos reuniões com as famílias, que está marcada para a semana que vem, para começar um treinamento, e com os funcionários também”, detalha a diretora.
No dia em que anunciou a retomada das aulas para sete de outubro, o governo paulista disse também que para isso ocorrer é preciso que o estado esteja a 28 dias na fase amarela do Plano SP e que o retorno vai ser gradual com até 35% dos alunos.
Cidades debatem a retomada das aulas presenciais nas escolas do Alto Tietê
