Segundo a estatal, rede de atendimento continua aberta em todo o país e os serviços seguem ativos. Correios entraram em greve nacional no último dia 18
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Em todas as unidades dos Correios na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, regiões de São Paulo, cerca de 40% dos funcionários aderiram à greve nacional da categoria, iniciada no dia 18, segundo divulgado pela unidade regional do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos (Sintect).
O índice varia de acordo com cada cidade. De acordo com o presidente do Sintect, José Antonio da Conceição, Peruíbe é a cidade que teve maior adesão dos funcionários, chegando a 90% do total, enquanto Guarujá registra apenas 20% dos funcionários em greve. No Vale do Ribeira, somando as agências de toda a região, são 80% de adeptos à paralisação.
A greve nacional da categoria foi iniciada no dia 18 deste mês, após anúncio da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT). Segundo a entidade, não há prazo para o fim da paralisação na estatal.
De acordo com a federação, os grevistas são contra a privatização da estatal, reclamam do que chamam de “negligência com a saúde dos trabalhadores” na pandemia e pedem que direitos trabalhistas sejam garantidos.
Funcionários dos Correios em ato na última segunda-feira (24)
Divulgação/Sintect
A entidade afirma que, desde julho, os sindicatos tentam dialogar com a direção dos Correios sobre estes pedidos, o que, segundo eles, não aconteceu. Alegam que, em agosto, foram surpreendidos com a revogação do atual Acordo Coletivo, que estaria em vigência até 2021.
Entre os benefícios que os funcionários querem manter, estão o adicional de risco de 30% pago aos carteiros, assistência médica, vale-refeição, auxílio creche, adicional noturno, adicional de horas extras e indenização por morte ou invalidez, segundo divulgado pelo sindicato.
A categoria aponta que, desde o início da pandemia, a empresa tem lucrado com o aumento da demanda por entregas, que teriam triplicado neste período. “Portanto, tem recursos suficientes para sua própria manutenção, sem intervir na dignidade da categoria”, divulgou o Sintect em nota.
Correios
Segundo a empresa, a rede de atendimento continua aberta em todo o país e os serviços, inclusive o Sedex e o PAC, seguem ativos. No entanto, as postagens com hora marcada estão suspensas desde o início da pandemia e seguem indisponíveis.
Em nota, os Correios declaram que têm preservado empregos, salários e todos os direitos previstos na CLT, assim como outros benefícios dos empregados. Declaram, ainda, que “a paralisação parcial da maior companhia de logística do Brasil, em meio à pandemia da Covid-19, traz prejuízos financeiros não só aos Correios, mas a inúmeros empreendedores brasileiros, além de afetar a imagem da instituição e de seus empregados perante a sociedade.
Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados.
Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.
No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.
Greve dos Correios tem adesão de 40% na Baixada Santista e Vale do Ribeira
