Oferecer frutas e sementes durante o inverno auxilia espécies a enfrentar época de escassez de alimento; quantidade de espécies impressiona. Comedouros ficam mais movimentados em dias frios
Josiane Bernardes/Arquivo Pessoal
Para quem gosta de observar aves, a queda nas temperaturas na última semana veio a calhar, afinal, em dias frios os comedouros costumam ficar movimentados. Foi o que aconteceu em Miracatu (SP), no Sítio Espinheiro Negro: os comedouros de frutas e de grãos espalhados pela propriedade receberam visitantes das mais diversas cores e tamanhos.
“Nesses dias mais frios notamos tanto o aumento de indivíduos das mesmas espécies como também espécies que não costumam aparecer em outras estações. É o caso do saí-de-pernas-pretas, do gaturamo-bandeira e do sabiá-ferreiro”, conta Josiane Bernardes, proprietária do sítio.
Variedade de frutas atraem aves no Sítio Espinheiro Negro, em São Paulo
Josiane Bernardes/Arquivo Pessoal
Observadora de aves e apaixonada pela natureza, ela e a equipe mantém os comedouros há pelo menos sete anos, prática que demanda tempo e dedicação. “A reposição de alimentos e a higienização é diária, faça chuva ou faça sol. Acreditamos que a manutenção constante é fundamental para o sucesso dos comedouros”, comenta.
Talvez “sucesso” seja a palavra exata para representar o espaço, que tem recebido aves como a saíra-de-papo-peto e saíra-beija-flor, espécies incomuns na região. “É uma sensação incrível e um privilégio enorme ver que nosso jardim foi escolhido por muitas aves como refúgio em um período de escassez de alimento”, finaliza Jô, que destaca ainda os ‘visitantes da primavera’. “Também temos bebedouros par beija-flores que ficam espalhados pela sede. No auge da estação chegamos a ter 12 bebedouros com visitantes assíduos”.
Nos sentimos honrados e, ao mesmo tempo, encaramos a missão de cuidar e proteger esses emplumados e o habitat deles
Aves coloridas chamaram atenção dos observadores de aves
Josiane Bernardes/Arquivo Pessoal
Em São Luiz do Paraitinga (SP) as aves também são bem servidas na pousada de Josiel Briet: há sete anos o proprietário abastece três comedouros e vários bebedouros beija-flores e outras aves. A manutenção diária atrai espécies durante todo o ano, mas no inverno o movimento chama atenção.
“Nesse período recebemos visitantes como o tiê-sangue e o tovacuçu, ave que se tornou rara aqui na região”, conta Josiel, que comemora a chance de observar as espécies de perto.
“É muito gratificante. Ao mesmo tempo, serve de alerta para repensar a forma como o homem tem prejudicado a natureza”, completa.
Em busca de alimento
A movimentação nos comedouros durante a época mais fria do ano é justificada pela oferta de alimento – que na natureza é falha no outono e no inverno. “Além de ser um período com escassez de frutas e de insetos, o inverno demanda grande energia das aves para manterem a temperatura constante do organismo, por isso, os comedouros acabam atraindo mais espécies nessa época do ano”, explica o ornitólogo Luciano Lima.
Para quem deseja atrair aves nos comedouros, a dica do especialista é aproveitar os dias com baixas temperaturas e apostar em frutas como o mamão. “Por ser bem chamativa e bastante apreciada por muitas espécies de aves frugívoras, é uma ótima opção para começar a atrair a atenção das aves. Banana e laranja também são bastante apreciadas e encontradas praticamente em qualquer mercado”, destaca.
Para aves granívoras, como tico-tico e rolinhas, a dica é disponibilizar quirera e grãos inteiros de milho. “Para ‘fidelizar’ as aves é importante manter a periodicidade: o ideal é abastecer diariamente”, comenta Luciano, que reforça a necessidade de higienizar o comedouro e retirar os restos de alimento.
Banana, laranja e mamão são frutas que atraem diversas espécies
Josiane Bernardes/Arquivo Pessoal