Números de agosto em Campinas, Americana, Hortolândia, Indaiatuba e Sumaré foram superiores ao do mesmo período do ano passado, de acordo com a Fenabrave. Economista da PUC analisa impacto da pandemia a longo prazo e pede cautela. Maiores cidades da região de Campinas fecham agosto com alta em vendas de motos
O aumento na venda de motos novas em agosto anima o setor nas cinco maiores cidades da região de Campinas (SP). O bom desempenho na comparação com o mesmo período de 2019 é explicado, em parte, pelo represamento de negócios e emplacamentos, mas os números estão aliados também ao “boom” dos aplicativos de entrega durante a pandemia do novo coronavírus e o fato de o veículo ser bem mais econômico que o carro.
Quem está na linha de frente garante que os dados poderiam ser até melhores se houvesse mais motocicletas para vender – por conta da pandemia, algumas montadoras diminuíram a produção, seja por medidas sanitárias ou dificuldades para importar peças e componentes.
“A tendência é melhorar ainda mais. Houve um aumento considerável nas vendas, mas pelo menos outros 25% ficaram para trás por falta de produto”, conta Ricardo Cardoso de Faria, supervisor de vendas de uma loja de motos na Av. das Amoreiras, em Campinas (SP).
De acordo com a federação que representa as concessionárias (Fenabrave), em agosto as cinco maiores cidades da região – Campinas, Americana, Hortolândia, Indaiatuba e Sumaré – registraram aumento nas vendas de motos novas, na comparação com o mesmo mês de 2019. Veja gráfico abaixo.
Americana, por exemplo, foi a cidade com o maior aumento percentual nas vendas: 85%.
Wagner Luís da Silva, gerente comercial de uma loja de motos no Jardim São Domingos, em Americana, atesta a maior procura pelo veículo sobre duas rodas.
“Esse número [Fenabrave] tem o represamento de emplacamentos, mas teve grande aumento nas vendas, sim. Em julho e agosto. Vendemos tudo o que tinha dentro da loja, zerou meu estoque”, conta.
Segundo Silva, a maior parte das vendas na loja foi de motos entre 150 e 250 cilindradas. “Uns 20% foram para quem trabalha com aplicativo de entrega, que era uma coisa que a gente não vendia tanto, mas muitos clientes foram por economia mesmo, uma opção ao carro, mais barato”, destaca.
Em Americana (SP), aumento na venda de motos em agosto foi de 85% na comparação com o mesmo mês de 2019
Jefferson Barbosa/EPTV
Cautela
Enquanto os números de vendas de motos novos apresenta melhora, no caso dos carros, produto de maior valor agregado, apenas Sumaré registrou alta, enquanto Americana ficou próximo dos números de agosto de 2019.
No agregado do ano, entretanto, todas as cidades têm baixas na venda dos veículos (carros ou motos). De acordo com o economista Paulo Oliveira, do Observatório PUC-Campinas, há uma projeção de queda de 35,8% no ano para o setor como um todo no Brasil.
Campinas
Carros (janeiro a agosto de 2019): 14.892
Carros (janeiro a agosto de 2020): 8.327
Motos (janeiro a agosto de 2019): 3.962
Motos (janeiro a agosto de 2020): 2.604
Americana
Carros (janeiro a agosto de 2019): 2.747
Carros (janeiro a agosto de 2020): 1.775
Motos (janeiro a agosto de 2019): 738
Motos (janeiro a agosto de 2020): 567
Hortolândia
Carros (janeiro a agosto de 2019): 794
Carros (janeiro a agosto de 2020): 520
Motos (janeiro a agosto de 2019): 554
Motos (janeiro a agosto de 2020): 450
Indaiatuba
Carros (janeiro a agosto de 2019): 3.448
Carros (janeiro a agosto de 2020): 2.029
Motos (janeiro a agosto de 2019): 1.427
Motos (janeiro a agosto de 2020): 1.008
Sumaré
Carros (janeiro a agosto de 2019): 1.431
Carros (janeiro a agosto de 2020): 964
Motos (janeiro a agosto de 2019): 833
Motos (janeiro a agosto de 2020): 669
Diferentemente de alguns representantes do mercado, o professor de economia ainda vê os dados com cautela.
“Até pode ter um efeito positivo agora em agosto, comparando com agosto de 2019, mas parte disso ainda é represamento [emplacamentos deixaram de ser feitos pelo Detran por um período durante a pandemia]. Eu recomendaria cautela, mas é claro que de qualquer forma, é melhor que esse número seja positivo. Seguramente, não é um número ruim. Mas precisamos ver como isso vai se refletir no ano, dado as perspectivas ruins em relação a recuperação econômica”, pontua.
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Arte/G1
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