Segundo a Apas, até julho, os acumulados nos valores de arroz, leite, feijão e óleo de cozinha passam dos 20%. Em agosto, cesta básica ficou mais cara em 17 capitais, diz Dieese. Preço do arroz assusta aposentada durante as compras em Ribeirão Preto
Chico Escolano/EPTV
A aposentada Joana D’Arc Vieira Pascualim ficou assustada com o preço do arroz quando chegou ao supermercado para fazer as compras na tarde desta terça-feira (8) em Ribeirão Preto (SP). O pacote de cinco quilos da marca que ela costuma comprar está sendo vendido a R$ 22,90.
“Não tem condições. A gente tem que pesquisar mesmo, olhar preço, marca, mas está difícil. Está muito caro. Não sei o que nós vamos fazer”, diz.
O aumento não é impressão da aposentada. Só de janeiro a julho deste ano, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), os acumulados nos preços do arroz chegam a 21,08%, do leite a 21,62%, do feijão a 23,14% e do óleo de soja a 9,56%. Um novo levantamento com os dados de agosto deve ser divulgado na próxima semana.
A inflação oficial no país até julho é de 0,46%. Mas o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) já mostra que a cesta básica ficou mais cara em 17 de 18 capitais pesquisadas em agosto.
Em São Paulo (SP), o levantamento apontou que comparado a julho, o mês registrou alta de 6,31% só no preço do arroz. Ainda na capital, houve aumentos em outros itens essenciais na mesa do brasileiro como o óleo de soja (14,18%), o leite integral (3,68%) e a carne bovina de primeira (3,37%).
Consumidora no balcão de carnes de supermercado em Ribeirão Preto, SP
Chico Escolano/EPTV
Custo alto de produção
O diretor regional da Apas em Ribeirão Preto, Rodrigo Canesin, diz que a margem de lucro dos supermercados nos produtos que compõem a cesta básica não aumentou. Ele atribui a alta de preços ao preço do dólar e às exportações.
“A alta do dólar aumenta o preço dos insumos e automaticamente aumenta o preço de produção. O Brasil está exportando cada vez mais, principalmente para a China, que anda comprando muito a produção agrícola e pecuária do país”, diz.
Óleo de soja registra alta nos supermercados
Chico Escolano/EPTV
O consultor de agronegócios José Carlos Lima Júnior diz que o fator climático também está prejudicando e tornando mais cara a produção de alimentos, especialmente de laticínios e culturas como o arroz. Em Ribeirão Preto, a seca já chega a quatro meses, de acordo com a Somar Meteorologia.
“Estamos em um período de estiagem e, por não ter chuva, você tem menor oferta de nutrição animal, o que ocasiona menor alimentação das vacas. Você passa a ter também a oferta de alguns produtos que estão em período de baixa produtividade, ocasionada por substituição de área no passado e também por baixa produção de safra, que foi o caso do arroz”, explica.
Apesar de os moradores tentarem pesquisar preços mais baratos em marcas e supermercados diferentes, Jr. afirma que não será possível fugir dos preços altos nos próximos dias.
“A única coisa que o consumidor pode fazer é tentar, se tiver condições, mudar a escolha dele pelo produto, porque encontrar preço mais baixo é difícil”, diz.
Diretor regional da Apas diz orientar supermercados a não aumentar preços em Ribeirão Preto
Chico Escolano/EPTV
Impacto
A associação nacional do setor de supermercados divulgou na quinta-feira (3) uma carta em que chama a atenção para o aumento de preços de itens da cesta básica. Desde o início da pandemia de Covid-19, a procura por esses alimentos cresceu, justamente por haver mais pessoas consumindo dentro de casa.
Canesin diz que a Apas tem pedido aos donos e gerentes de supermercados associados para não aumentarem os preços, a não ser quando o produto chega do fornecedor com valor mais alto. Mesmo assim, a orientação é tentar negociar o máximo para que o consumidor não seja prejudicado.
“A orientação é para que se forme um giro de estoque menor, para que não incentive a alta deste produto no mercado”, diz. “Mas chega um momento que o estoque está lá embaixo e você é obrigado a comprar em um custo maior.”
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