Mogi das Cruzes e Santa Isabel estão com índices pequenos em dias de calor intenso e tempo seco. Represa de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, opera com 7% da capacidade
O calor e o tempo seco dos últimos dias já refletem no volume dos reservatórios de água do Alto Tietê. A Represa do Rio Jundiaí, que é uma das cinco do Sistema Alto Tietê, está operando em baixa.
O reservatório, que fica no Distrito de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, está com apenas 7% da capacidade, o menor nível do Sistema Alto Tietê. Em Santa Isabel, a Represa do Rio Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira, também preocupa por causa do volume menor.
Uma parte da Represa do Rio Jaguari, em Santa Isabel, já está seca. A marca na pedra, que fica às margens, mostra que o nível de água está longe do normal.
Jair Simão Ferreira é membro da Associação dos Pescadores de Santa Isabel e explica que de agosto do ano passado à junho desse ano o nível da represa se manteve estável. Em cerca de dois meses, entre julho e começo de setembro, ele afirma que já baixou mais ou menos 9 metros.
O motivo, segundo Ferreira, não é só a falta de chuva. “A transposição do reservatório vem prejudicando muito. Hoje o município de Santa Isabel com todos os seus mananciais, ele está produzindo cerca de 7 metros cúbicos de água por segundo, durante esse período. E em compensação só para o Paraíba do Sul no mesmo período está saindo 45 metros cúbicos por segundo e mais 8 metros cúbicos por segundo para o Sistema Cantareira. Ou seja, nós estamos mandando 53 metros cúbicos de água por segundo, enquanto em um segundo a gente está colocando 7 metros cúbicos de água. Então, a tendência é secar cada vez mais,”
Ferreira conta ainda que eles costumam acompanhar o volume da represa pelo site da Agência Nacional de Água (ANA). Quando percebem uma baixa muito frequente, o nível da água passa a ser acompanhado por um método conhecido como “caipira”. “A gente pega um cabo de vassoura, um bambu alguma coisa e finca ali onde a água estava. Dali para baixo a gente vai fazendo monitoramento de quanto a água vai abaixando por dia. Então, nosso reservatório vem abaixando cerca de 8 centímetros por dia. É muita água demais que sai de dentro do reservatório.”
Com todas essas dificuldades, a criação dos peixes, já anda sendo prejudicada. “Se a gente não conseguir levar esses tanques para um lugar profundo. Os peixes vão acabar morrendo dentro da gaiola. Se continuar nessa situação, tanto a gente vai perder esses peixes, como o município vai ficar sem abastecimento”, avalia o presidente da Associação dos Pescadores Amadores, Vicente Leite.
Para os integrantes da associação, a situação está muito complicada e tende a piorar sem a previsão de chuva. Para eles, a única alternativa hoje é fazer um revezamento entre as represas. “Abre uma durante uma semana. Fecha aquela que abriu e abre um outro reservatório equivalente durante a semana. Para que haja uma recuperação do próprio reservatório. Assim eu acredito que não vai faltar água para ninguém, sugere Jair Simão Ferreira.
Ele alerta que se a água abaixar mais 2 metros e chegar na quota 609, o município de Santa Isabel não terá de onde retirar água para abastecer a própria cidade. “Então, a situação hoje é priorizar o abastecimento humano. A piscicultura prejudica? Prejudica, mas os tanques redes a gente vai levando até uma profundidade que a gente consegue está ali com o peixe nem que a gente não consiga retirar. Mas o abastecimento humano, humano não pode passar sede. A nossa preocupação é essa.”
O cenário na Represa do Rio Jundiaí, em Taiacupeba não é diferente. De acordo com dados da Sabesp essa é a represa do Alto Tietê que opera com menor volume de água, 7,13%. Com volume tão baixo, os galhos que ficavam no fundo da represa já estão totalmente para fora da água e a margem de terra é bem grande.
O Sistema de Abastecimento Alto Tietê, ainda segundo a Sabesp, opera atualmente com 63, 10% da capacidade total. Em 2018, durante uma seca severa, que não chegou a por em risco o abastecimento, o sistema operava com cerca de 43%. Com a estrada que corta a Represa do Rio Jundiaí, começando a aparecer, quem frequenta o lugar já se preocupa. “O que a gente pode fazer? Economizar só, para ajudar um pouquinho. Ainda vai ficar mais baixo se não chove nesse resto de mês”, acredita o aposentado Milton Moreira.
O Diário TV 1ª Edição questionou a Sabesp sobre a baixa nos níveis das represas do Rio Jundiaí e Jaguari, e também sobre um possível revezamento entre as represas do Sistema Cantareira para equilibrar o volume de água no reservatório em Santa Isabel. Mas ainda não teve uma resposta.
A Prefeitura de Santa Isabel também ainda não respondeu se o abastecimento corre mesmo o risco de ser prejudicado.
Baixo volume de reservatórios de água do Alto Tietê preocupa população
