Tatuadores fazem projeto para ‘apagar’ cicatrizes de automutilação


Projeto surgiu por conta do Setembro Amarelo, mês em que é realizada a campanha de prevenção ao suicídio. Casal esconde marcas e faz tatuagem com mensagem para clientes
Arquivo Pessoal
Um casal de tatuadores de Santos, no litoral de São Paulo, decidiu usar o conhecimento e técnicas da profissão para ‘apagar’ cicatrizes causadas por automutilação. A ideia surgiu em meio ao Setembro Amarelo, mês em que é realizada a campanha de prevenção ao suicídio. “Para nós é gratificante”, disse a tatuadora Nayara Neves Simões, de 28 anos, ao G1 nesta segunda-feira (14).
Ela relata que a ideia surgiu após atender uma cliente que mostrou as marcas causadas pelos cortes. “Estava cobrindo as estrias e ela mostrou o braço cortado e me perguntou se eu poderia cobrir. Aceitei sem cobrar nada”, relembra. Nayara, que é especialista em cobrir marcas com uma técnica que esconde manchas na pele, comentou com o esposo Douglas Felix Simões que faz as tatuagens convencionais.
“Pensamos em fazer em conjunto. Eu faço a cobertura que disfarça as marcas e meu esposo faz uma tatuagem com mensagens que as motivem”, explica a tatuadora. O projeto começou com a ideia de tatuar gratuitamente três pessoas, mas a adesão foi maior do que o casal esperava, e ao todo eles já têm dez clientes.
Casal começou projeto no mês de setembro, aproveitando campanha de prevenção ao suicídio
Arquivo Pessoal
“Os cortes não são só nos braços, tem nas pernas, até no pescoço. Não perguntamos o motivo, se aconteceu algo. Deixamos a vontade, puxamos assunto sobre outras coisas, fazemos piadas, como forma de mostrar que a vida é muito mais bonita, que vale a pena viver”, explica a tatuadora.
Além da tatuagem, uma manicure parceira do casal passou a auxiliar fazendo a unha das clientes que desejarem, uma outra forma de ajudar neste dia e torná-lo mais especial. O casal ainda não definiu como continuará o projeto nem a quantidade de clientes que vão atender ao todo, mas a tatuadora afirma que quer levá-lo além do mês de setembro.
Acostumada a fazer coberturas de estrias ou manchas na pele, com a técnica que estimula produção de melanina disfarçando as marcas, a experiência com os cortes tem sido diferente. Ela diz que poder proporcionar um momento diferente para essas pessoas e ainda dar a tatuagem que as motive tem sido algo especial para ela e o marido.
“Percebemos a quantidade de pessoas que tem problemas e não conseguem falar, e quando olhamos elas estão no nosso estúdio, mesmo com medo e insegurança, confiando na gente. Tem feito bem para nós. É uma forma de terapia”, finaliza.
Marcas de automutilação são disfarçadas com técnica de corbertura
Arquivo Pessoal

By Midia ABC

Veja Também!