Segundo o delegado Eduardo Lima de Paula, mulher que aparece nas imagens ofendendo casal em Birigui (SP) possivelmente cometeu crimes de ameaça e injúria racial. Mulher ofendeu casal gay em clínica veterinária em Birigui
Arquivo Pessoal
A Polícia Civil passou a investigar o ataque homofóbico sofrido por um casal gay dentro de uma clínica veterinária de Birigui, no interior de São Paulo. Um vídeo que circula nas redes sociais flagrou o momento em que uma mulher ofendeu as vítimas (veja abaixo).
O caso aconteceu no final da tarde da última sexta-feira (25). Os namorados Guilherme Franceschini Simoso e Eric Cordeiro Cavaca registraram boletim de ocorrência pela internet.
Segundo o delegado Eduardo Lima de Paula, do 1º Distrito Policial de Birigui, a mulher que aparece nas imagens possivelmente cometeu os crimes de ameaça e injúria racial.
“O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que enquanto não houver lei específica para tratar de crimes de homofobia será aplicada a legislação vigente. Então, os crimes de racismo e injúria racial também se aplicam aos casos de homofobia”, diz o delegado responsável pelo caso.
Embora um boletim de ocorrência tenha sido registrado, as vítimas precisam comparecer à delegacia e fazer uma representação para um inquérito policial ser instaurado.
“Assim que os dois vierem à delegacia, a gente formaliza a oitivas deles, ouve as testemunhas, grava o vídeo em uma mídia para encaminhar ao Fórum e escuta a autora, que pode ser indiciada”, diz Eduardo.
Casal gay é vítima de ataque homofóbico em pet shop no interior de São Paulo
Ainda segundo o delegado, a lei estipula pena de um a três anos pelo crime de injúria racial. Já para o crime de ameaça, a pena pode variar de um mês a seis meses.
“Não sei os antecedentes criminais dela. Se não tiver passagem, ela pode fazer um acordo. Ou seja, não necessariamente ela vai para cadeia. Mas se ela tiver antecedentes, pode ser que venha uma condenação mais para a frente”, explica Eduardo.
Ofensas e ameaças
Em entrevista ao G1, Guilherme contou que estava na clínica veterinária com o namorado quando a mulher entrou no estabelecimento sem usar máscaras de proteção contra a Covid-19 e escutando músicas religiosas.
“Ela disse para os funcionários que não acreditava no coronavírus. Nós estávamos mexendo no celular e não demos bola. A mulher, então, passou a falar mal das universidades federais e foi se aproximando de nós”, diz Guilherme, de 23 anos, que faz faculdade de administração de empresas.
Em seguida, a mulher começou a falar que as universidades federais eram responsáveis por doutrinar os estudantes e a proferir uma série de críticas contra a comunidade LGBT.
“Ela disse que tinha virado moda ser gay e continuou com as agressões. Meu namorado a questionou sobre fato de ela ter algo contra os homossexuais e a alertou que era crime”, conta Guilherme.
Ao perceber que a mulher estava se exaltando e se aproximando ainda mais, o casal decidiu pegar o celular e gravar a situação.
Guilherme, à esquerda, e Eric, à direita, sofreram ataque homofóbico em Birigui
Arquivo Pessoal
“Também pedi para ela guardar as opiniões para ela. Tentei fazer isso da forma mais educada que consegui. Ela chegou a pegar no meu braço. Não dá para ver pelo vídeo, mas eu pensei que ela fosse me agredir”, relembra Guilherme.
Um dos funcionários entrou no meio da discussão e tentou impedir as agressões verbais. A mulher, então, se afastou do casal, mas continuou com as ofensas do outro lado da clínica veterinária.
“Ela ameaçou a gente e pediu para irmos para fora. Em seguida, disse que estava escrito na Bíblia que nós seriamos queimados, que Jesus estava voltando e nos exterminaria”, afirma Guilherme.
“Foi uma situação humilhante, degradante e revoltante. Ninguém tem que passar por isso. Ninguém está pedindo para que ela ame a comunidade LBGT, mas o direito dela termina quando começa o meu”, complementa Guilherme.
Após sair do estabelecimento, o casal decidiu registrar um boletim de ocorrência pela internet e pretende continuar com a denúncia para que a mulher seja investigada pelo crime. O G1 tenta falar com mulher que aparece na gravação.
“A gente precisa ter esperança no sistema judiciário. Fizemos o boletim de ocorrência e pretendemos dar andamento na esfera penal. Nós queremos mostrar que temos voz e demonstrar para outras pessoas que elas precisam denunciar”, conta Eric Cordeiro Cavaca, de 24 anos, que é estudante de direito.
Mulher faz ataques homofóbicos contra casal em um pet shop no interior de São Paulo
Nota de repúdio
A clínica veterinária afirmou que repudia o ato de discriminação e preconceito ocorrido no dia 25 de setembro e esclarece que não foi praticado por qualquer integrante da equipe ou diretoria.
“Reforçamos que essa atitude não condiz com as diretrizes e valores da nossa empresa, atendendo a todos clientes e amigos com dignidade e em busca de sua satisfação”, diz outro trecho da nota.
Por fim, o estabelecimento diz que se solidariza com os ofendidos e todos que sofrem qualquer tipo de preconceito ou discriminação.
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