Profissionais cobram valores atrasados desde fevereiro deste ano. Prefeitura diz que os repasses foram feitos e que rompeu o contrato ao tomar conhecimento dos problemas. Médicos acusam administradora de hospital em Jardinópolis, SP, de não pagar salários
Um grupo formado por 53 médicos entrou na Justiça contra a empresa que administrava o Pronto Atendimento de Jardinópolis (SP) por atraso no pagamento de plantões realizados neste ano. A dívida total, segundo a defesa dos profissionais, chega a R$ 600 mil.
São três processos contra a terceirizada. Os médicos alegam que os pagamentos começaram a atrasar no início do ano. Eles procuravam a empresa, que sempre dava um prazo para o acerto, que não era cumprido.
O advogado Augusto César Neto de Pádua, que defende o grupo, disse que a Justiça de Santo André (SP), onde corre a ação, concedeu uma liminar bloqueando os bens da empresa para que a dívida seja quitada. No entanto, todas as contas estão zeradas.
A Prefeitura de Jardinópolis informou, em nota, que o repasse da verba foi feito, mas após a descoberta do problema, rompeu o contrato com a Med Security.
A Med Security foi procurada pela produção da EPTV, afiliada da TV Globo, mas não se manifestou até a publicação da matéria.
Médicos que trabalhavam no Pronto Atendimento de Jardinópolis (SP) processam empresa terceirizada por falta de pagamento
Sérgio Oliveira / EPTV
Calote
O clínico geral Geraldo Tarcísio Leão Neto é um dos médicos prejudicados pela empresa. Ele conta que ficava sabendo das escalas de plantão por meio de um grupo de aplicativos de conversa.
Esse grupo, segundo o médico, era administrado por uma representante da empresa. Ela conseguia os contatos por meio de indicações dos próprios profissionais que já faziam parte da lista de plantonistas.
Leão Neto afirma que todos que trabalhavam para a empresa eram pessoas jurídicas e não havia contrato, apenas acordos informais.
Ele começou a prestar serviços em março, mas depois a demanda foi aumentando. As escalas eram de seis e 12 horas diárias e o valor do trabalho, por dia, podia chegar a R$ 1,1 mil.
O pagamento, no caso do clínico, começou a atrasar em junho. O médico fez 21 plantões sem receber, o que ocasionou uma dívida de R$ 22 mil.
“Tive que emitir a nota, paguei as notas. No caso, paguei para trabalhar e fiquei sem receber esses valores”, afirma.
O médico chegou a procurar os representantes da empresa, mas, segundo ele, sempre havia uma desculpa para prorrogar o prazo de pagamento.
“Num primeiro momento, eles falavam que eram situações financeiras, do banco. A gente tentava contato direto com o dono da empresa, falava por telefone com ele. Ele se mostrava bastante solícito, dava uma data, mas essa data chegava e nunca acertava. Depois, falavam que o dinheiro estava preso por briga familiar e chegou em um momento em que gente ficou sem resposta”, relata.
Médico Geraldo Tarcísio Leão Neto é um dos médicos prejudicados por calote de empresa em Jardinópolis (SP)
Sérgio Oliveira / EPTV
Rescisão
Segundo a Prefeitura, a Med Security foi contratada por meio de um pregão eletrônico para administrar o Pronto Atendimento municipal. Os serviços foram iniciados em 2 de janeiro de 2020.
De acordo com a administração, os pagamentos sempre foram feitos de forma pontual. Em março, o Executivo teve conhecimento da falta de repasse aos profissionais. Uma reunião foi convocada com os representantes da empresa no dia 17 de abril.
“Na oportunidade, seus representantes alegaram que estavam em dificuldades em efetuar os pagamentos, pois um dos titulares da conta-corrente havia falecido, o que demandava alteração contratual e outras burocracias”, disse o secretário de Administração e Planejamento, Jefte Segatto de Sousa, por meio de nota.
Após o encontro, decidiu-se pela continuidade dos serviços, mas em julho, com a continuação dos problemas, houve a rescisão do contrato por parte da Prefeitura e um procedimento administrativo foi aberto para apurar as infrações.
Pronto Atendimento de Jardinópolis (SP)
Sérgio Oliveira / EPTV
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