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Três machos juntos em fila – Likizo (um macho mais jovem) trata de Big Brown (um macho mais velho), que cuida de Lanjo (outro macho mais jovem) — Foto: John Lower
Três machos juntos em fila – Likizo (um macho mais jovem) trata de Big Brown (um macho mais velho), que cuida de Lanjo (outro macho mais jovem) — Foto: John Lower
Como nos tornamos tão exigentes com a amizade ao longo da vida? Um estudo feito com chimpanzés e publicado na revista “Science” nesta quinta-feira (22) pode ter a resposta. Isso porque os chimpanzés, junto com os bonobos, compartilham 99% de seu DNA com os humanos.
A equipe de pesquisadores, composta por psicólogos e primatologistas, percebeu que os chimpanzés mais velhos preferiam passar mais tempo com semelhantes que desenvolveram amizades mútuas ao longo dos anos. Como os humanos mais velhos em busca de paz e sossego, os chimpanzés também mostraram uma mudança de interações negativas para mais positivas à medida que envelheciam.
“O que é realmente legal é que descobrimos que os chimpanzés estão mostrando esses padrões que refletem os dos humanos”, disse Alexandra Rosati, professora assistente de psicologia e antropologia da Universidade de Michigan e uma das principais autoras do artigo.
Os pesquisadores analisaram as interações sociais de 21 chimpanzés machos, com idades entre 15 e 58 anos, entre os anos de 1995 e 2016. O estudo mostra o que pode ser a primeira evidência de animais não humanos selecionando ativamente com quem se relacionam durante o envelhecimento.
Os chimpanzés de 15 anos tinham, em média, 2,1 amizades unilaterais e 0,9 amigos em comum, enquanto os chimpanzés de 40 anos quase não se importavam com amizades unilaterais (média de 0,6), mas tinham muitos amigos comuns – uma média de 3.
“Esses chimpanzés mais velhos têm essas amizades mútuas, eles realmente investem nesses relacionamentos”, disse Zarin Machanda, professora na Tufts University e principal autora do artigo.
Alexandra Rosati acrescentou que pesquisas futuras podem ajudar a determinar se esses comportamentos constituem o curso normal ou bem-sucedido que o envelhecimento deve seguir.
“Há uma necessidade urgente de entender a biologia do envelhecimento. Mais humanos estão vivendo mais do que no passado, o que pode mudar a dinâmica do envelhecimento”, completou Rosati.
Os pesquisadores não ficaram totalmente surpresos com suas descobertas. Parte disso é porque chimpanzés e humanos já são muito parecidos em termos de organização social e escolhas sociais.
“Isso levanta a possibilidade de estarmos vendo sistemas comportamentais que foram compartilhados evolutivamente de volta ao nosso ancestral comum, cerca de sete ou oito milhões de anos atrás”, disse o primatologista e também autor do estudo Richard Wrangham.
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