
Em depoimento nesta terça-feira (12), o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, reiterou a declaração de Jair Bolsonaro sobre o conteúdo do vídeo da reunião ministerial feita no dia 22 de abril, e afirmou que o presidente não mencionou a mudança no comando da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Segundo informações do portal G1, o ministro alegou que Bolsonaro se referia a segurança pessoal de sua família, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Além disso, Braga Netto declarou que o presidente não chegou a demostrar insatisfação com o ex-diretor da PF Maurício Valeixo, e disse não saber a razão pela qual ele quis nomear o delegado Alexandre Ramagem para o comando da corporação, decisão posteriormente suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O ministro contou, ainda, que conversou com Sergio Moro um dia antes do seu pedido de demissão. Neste encontro, estavam presentes os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
De acordo com Braga Netto, na ocasião Moro revelou aos presentes que Bolsonaro permanecia com a ideia de uma troca na direção-geral da PF e que não concordava com a interferência dele nessa substituição. O ministro alegou que tentou acalmá-lo após a ameaça de demissão — que se tornou real no dia seguinte.
Por fim, Braga Netto declarou que já ouviu Bolsonaro demonstrar insatisfação com dados de inteligência, mas que ele não parecia estar descontente com elementos da polícia judiciária.
Vídeo
Moro relatou à PF que os três ministros ouvidos nesta terça — Braga Netto, Heleno e Ramos — participaram de duas reuniões em que o presidente Jair Bolsonaro o pressionou para trocar o comando da Polícia Federal.
Um desses encontros ocorreu no dia 22 de abril, cuja gravação foi entregue pelo Palácio do Planalto ao Supremo na sexta (8), e exibida a um grupo restrito de autoridades exatamente para orientar a formulação de perguntas para os depoimentos que serão colhidos nesta semana.
De acordo com Moro, na ocasião, Bolsonaro teria dito que iria “interferir em todos os ministérios” e que, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, “trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça”.
No dia seguinte, 23 de abril, ao ser informado pelo presidente que Maurício Valeixo seria exonerado do cargo, Moro se encontrou com Braga Netto e Augusto Heleno para informar os motivos pelos quais não aceitaria a substituição e declarou que deixaria o governo falando a verdade sobre a troca.