Ministro da Ciência e Tecnologia lança estudo para tratamento da Covid-19 com vermífugo em Juiz de Fora


Evento é nesta terça-feira (30). Terceira fase do projeto busca voluntários na cidade para verificar os efeitos do uso precoce da medicação em pacientes que tenham o novo coronavírus com sintomas gripais. A cidade de Juiz de Fora vista da UFJF
Fellype Alberto/G1
Juiz de Fora é a segunda cidade do Brasil a integrar um projeto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de estudo clínico para tratamento precoce da Covid-19.
A substância utilizada nos testes clínicos será a nitazoxanida, princípio ativo dos antivirais, vermífugos e antiparasitários mais conhecidos como Azox e Annita.
O ministro Marcos Pontes estará em Juiz de Fora nesta terça-feira (30) para participar do lançamento do estudo, cujo objetivo é verificar os efeitos do uso precoce da medicação em pacientes do coronavírus com sintomas gripais.
Intitulado de “Sarita-2 #500 voluntários”, o projeto tem direção do Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), apoio da Prefeitura de Juiz de Fora e acontecerá por meio de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Santa Luzia para captação de voluntários para desenvolvimento de Terapia Clínica para enfrentamento da Covid-19.
Estudo clínico
De acordo com o MCTI, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) identificou cinco remédios com potencial para combater a replicação do novo coronavírus. Um deles foi a nitazoxanida.
O estudo clínico foi dividido em três etapas e teve aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
A primeira foi realizada por inteligência artificial, a segunda com testes in vitro, e a terceira etapa foi autorizada em abril pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para realização de testes clínicos em 500 pacientes, internados em 21 hospitais pelo país.
Conforme o Ministério da Ciência e Tecnologia, na segunda etapa, a substância mostrou eficiência de 94% na inibição de carga viral em células mestes in vitro.
Essas duas etapas da pesquisa científica deram suporte para o início dos estudos clínicos com pacientes, a última fase, que busca comprovar cientificamente a eficácia deste remédio no tratamento precoce da Covid-19
A primeira cidade a receber oficialmente a terceira etapa deste estudo clínico foi São Caetano do Sul, em São Paulo, no dia 12 de junho. No entanto, o momento mais crítico da pandemia de coronavírus em Manaus, o ministro Marcos Pontes anunciou o uso da nitazoxanida em alguns pacientes no Hospital Nilton Lins, na capital do Amazonas.
O HMTJ foi escolhido pelo Ministério da Ciência por atender as condições necessárias ao projeto e disponibilizou equipe para as ações que começaram na semana passada em teste piloto, estendendo-se por mais quatro semanas.
O projeto global dos estudos da nitazoxanida e Covid-19 é liderado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O G1 apurou que a universidade recebeu recursos da ordem de R$6 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no início de junho para conduzir os ensaios deste fármaco.
Como funciona
UPA Santa Luzia Juiz de Fora
Reprodução/TV Integração
O apoio da equipe da UPA será na sensibilização e preparo dos voluntários que queiram participar dos testes clínicos utilizando nitazoxanida.
O objetivo final é avaliar a carga viral, os sintomas respiratórios, a taxa de internação hospitilar e os parâmetros inflamatórios num determinado período de tempo, entre o primeiro e o oitavo dia, que abrange a procura inicial e o retorno do paciente com Covid-19, após tratamento com nitazoxanida por cinco dias comparado ao placebo.
Segundo a direção do projeto, uma estrutura foi montada na UPA Santa Luzia, sob coordenação do médico infectologista Marcos Moura. Os voluntários serão plenamente informados de sua participação e também em que condições clínicas se encaixam na pesquisa.
O projeto é um Ensaio Clínico Intervencionista Prospectivo Randomizado controlado por placebo, duplo-cego, comparando-se nitazoxanida com o placebo em pacientes que apresentem pelo menos dois dos sintomas mais comuns de Covid-19, a febre, tosse seca e/ou fadiga, até o terceiro dia do início da apresentação dos sintomas.
Nesta fase, o paciente tem o exame RT-PCR para confirmação da infecção pelo vírus, faz hemograma e, uma vez confirmado positivo para Covid-19, recebe a medicação para início do tratamento até o terceiro dia da primeira avaliação.
Ele toma a medicação em casa e retorna no quinto dia de tratamento, quando faz nova bateria de exames.
Neste prazo, ele tem o suporte assistencial por parte da UPA com orientação e acompanhamento médico.
Nitazoxanida
77% dos brasileiros tornaram a automedicação um hábito. E as mulheres são as que mais consomem remédios por conta própria. (Dados da pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em 2019.)
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A nitazoxanida é um medicamento amplamente utilizado no Brasil pelos nomes comerciais Azox e Annita e faz parte do grupo dos antiparasitários com ação nos helmintos como nematódeos (Ascaris lumbricoides) e cestódeos (Taenia) e protozoários como a Giárdia e Cryptosporidium. Além disso, o medicamento também tem ação antiviral.
Para evitar automedicação, a droga passou a ser vendida apenas com prescrição médica em abril deste ano.
O medicamento contendo nitazoxanida, disponibilizado comercialmente, não tem a indicação para o coronavírus.
Considerando que a indicação do medicamento exige estudo de eficácia e segurança, o que está em andamento através de testes clínicos, ainda não há publicações com fortes evidências científicas da segurança e efetividade de seu uso em pacientes durante a manifestação da Covid-19.
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By Midia ABC

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