Família de estudante linchado por pescadores em SP desabafa: ‘Arrasada’


Irmão da vítima diz que esposa, que viu a agressão e tentou ajudá-lo, não consegue entrar no quarto após presenciar morte do marido, em Guarujá, no litoral paulista. Estudante morto após ser linchado deixou um filho de 11 meses
Arquivo Pessoal
A família do estudante Kauan Silva, de 17 anos, morto após ser linchado por seis pescadores em Guarujá, no litoral paulista, pede justiça pela morte do rapaz. Ao G1, nesta quarta-feira (19), o irmão do jovem, Kaue da Silva Soares, relatou que tem sido um momento muito difícil para eles. “Deixou um filho de 11 meses, que em poucas semanas completa um aninho”, desabafa.
O irmão conta que a esposa de Kauan, que viu toda a agressão e tentou ajudá-lo, está ‘arrasada’. “Ela o viu segundos antes do óbito”, comenta. Ele ainda relata que a jovem não consegue entrar no quarto em que os dois dormiam juntos. “Não sabe o que fazer. Ainda mais por ele deixar o filho, que tem a fisionomia dele”, lamenta Kaue.
De acordo com ele, o principal sentimento da família, natural de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, é de pedir justiça pelo que ocorreu com o jovem que acampava na cidade do litoral, junto com a esposa e uma amiga. Segundo a Polícia Civil, a agressão aconteceu após uma discussão.
Ao G1, a esposa de Kauan, que preferiu não se identificar, contou que eles estavam juntos com a amiga quando um pescador passou pedindo para que eles desmontassem a barraca, porque a fiscalização iria passar. Segundo a jovem, eles disseram ao homem que iriam desmontar e, em seguida, foram até a beirada da água para molhar os pés. Foi quando o pescador voltou com outros cinco colegas.
Ela conta que o marido xingou em voz baixa um deles. De acordo com a companheira, nesse momento, os seis começaram a bater no rapaz. O estudante morreu pouco tempo depois, e o laudo do Instituto Médico Legal aponta que o motivo do óbito foi insuficiência respiratória e edema agudo de pulmão (excesso de líquido). A motivação para o linchamento é algo que revolta a família, que busca respostas e nomes para os envolvidos.
“O principal sentimento é que queremos justiça. Foi muito errado, o motivo ser a barraca armada na areia, e meu irmão ter resmungado depois dele passar várias vezes. Nós da família esperamos que seja feita a justiça, que a polícia vá buscar quem matou o meu irmão”, finaliza Kaue.
A Reportagem procurou a Polícia Civil. O investigador-chefe da Delegacia Sede de Guarujá, Eloy Flórido Filho, afirma que já tem nomes de possíveis autores da agressão sendo investigados. Entretanto, ele reitera que o caso ainda está em fase de apuração.
Rapaz foi encontrado caído na Prainha Branca, em Guarujá, SP
Reprodução/Redes Sociais
Entenda o caso
O estudante Kauan Silva, natural de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, estava acampando com a esposa e uma amiga na região da Prainha Branca, em Guarujá. Segundo o depoimento da companheira, um pescador chamou a atenção do grupo, alegando que a fiscalização deveria passar. Ela diz que eles afirmaram que sairiam, e quando foram lavar os pés, foram abordados novamente.
Porém, neste segundo momento, ele já estava acompanhado de outros cinco homens. Kauan teria xingado um dos pescadores em voz baixa, segundo a esposa. Neste momento, os seis começaram a agredi-lo. Além de Kauan, a amiga do casal também foi agredida com dois socos e a esposa com um pedaço de bambu, após usar um canivete para tentar defender o marido.
De acordo com o boletim de ocorrência, as testemunhas relataram à Polícia Militar que o jovem já havia discutido com seis pessoas anteriormente. O grupo, então, teria agredido o rapaz e fugido em seguida. Segundo os relatos, o estudante passou a reclamar de dor, cansaço e dificuldade para respirar, e posteriormente foi encontrado caído. Ele foi resgatado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado ao Pronto Socorro de Bertioga, onde acabou morrendo.
O corpo do rapaz foi transferido para Mogi das Cruzes e sepultado na manhã de segunda-feira, no Cemitério da Saudade. A declaração de óbito entregue para a família aponta que o rapaz morreu por insuficiência respiratória e edema agudo de pulmão (excesso de líquido), além de cardiopatia dilatada.
Caso foi encaminhado para a Delegacia Sede de Guarujá
Guilherme Lúcio/G1

By Midia ABC

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